A finalidade deste Blog é divulgar as Vozes do Céu através das Mensagens dos Sagrados Corações de Jesus,Maria,José e do Divino Espírito Santo,dos Anjos e dos Santos,transmitidas ao Vidente Marcos Tadeu,nas Aparições de Jacareí-SP/Brasil. São as mais intensas,extraordinárias e últimas Mensagens dadas ao mundo para que se converta e tenha paz.Nestas Santas Aparições São José deseja que nos Consagremos a Ele ,que o invoquemos como Amantíssimo Coração de São José e também como
CORAÇÃO PATERNAL DE SÃO JOSÉ,para que Ele possa nos conduzir pelo caminho da Santidade e nos leve ao verdadeiro Amor a Jesus e Maria.

quarta-feira, 18 de março de 2015

Sobre o Vício da Impureza - Santo Afonso Maria de Ligório


Sobre o Vício da Impureza
por 
Santo Afonso Maria de Ligório




Primeiro Ponto 
Ilusão daqueles que dizem que os pecados contra a pureza não são um grande mal

Os impuros dizem que os pecados contra a pureza são um pequeno mal. Como "a porca... chafurdando na lama" (2 Pedro 2:22), eles estão imersos em sua própria sujeira, de modo que não vêem a maldade de seus ações e, portanto, não sentem nem abominam o mau odor de suas impurezas, que provocam repulsa e horror a todos os outros. Será que você, que diz que o vício de impureza é apenas um pequeno mal, eu pergunto, será que você poderá negar que isso é um pecado mortal? Se negar, você é um herege, pois, como diz São Paulo: “Não vos enganeis: nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os devassos, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os difamadores, nem os assaltantes hão de possuir o Reino de Deus.” - 1 Coríntios 6:9-10. Isto é um pecado mortal, logo, não pode ser um pequeno mal. É um pecado maior que o roubo, que a difamação, que a violação do jejum. Como então você pode dizer que não se trata de um grande mal? Talvez para você o pecado mortal pareça ser um pequeno mal? Será que é um pequeno mal desprezar da graça de Deus, virar as costas para Ele e perder a Sua amizade por causa de um prazer transitório e bestial?


Santo Tomás ensina que o pecado mortal, por ser um insulto contra um Deus infinito, contém de certa forma uma malícia infinita. "Um pecado cometido contra Deus, tem de certa forma uma infinidade, por conta da infinidade da Divina Majestade” - Santo Tomás. Será que o pecado mortal é um pequeno mal? Ele é um mal tão grande que, se todos os anjos e todos os santos, os apóstolos, os mártires, e mesmo a Mãe de Deus, oferecessem todos os seus méritos para expiar um só pecado mortal, a oferta não seria suficiente. Não, porque a expiação ou a satisfação seria finita, mas a dívida contraída pelo pecado mortal é infinita, por conta da infinita majestade de Deus, que foi ofendida. O ódio que Deus tem dos pecados contra a pureza está além do que podemos medir. Se alguém encontrar seu prato sujo, ficará aborrecido e não irá comer. Então, imagine com que desgosto e indignação Deus, que é a própria pureza, verá as impurezas imundas pelas quais Sua lei é violada? Ele ama a pureza com um amor infinito, e consequentemente Ele tem um ódio infinito contra a sensualidade que os homens lascivos e voluptuosos chamam de pequeno mal. Até os demônios, que ocupavam um alto grau no céu antes de sua queda, desdenham de ter que seduzir os homens a cometer pecados da carne.

Santo Tomás diz que Lúcifer, que foi supostamente o diabo que tentou Jesus Cristo no deserto, tentou-O a cometer outros pecados, mas desprezou tentá-lO a pecar contra a castidade. Seria isto um pecado pequeno mal? Seria então um pequeno mal ver um homem dotado de uma alma racional, enriquecida com muitas graças divinas, cair, pelo pecado de impureza, ao nível de um bruto? "A Fornicação e o prazer", diz São Jerônimo, "pervertem a compreensão e transformam os homens em bestas". Nos voluptuosos e impuros, são literalmente verificadas as palavras de Davi: "O homem não permanece com o seu esplendor, é como animal que perece."- Salmo 48:13. São Jerônimo diz que não há nada mais vil e degradante, que alguém deixar-se ser conquistado pela carne. "Nihil vilius quam vinci a carne". Poderia ser um pequeno mal se esquecer de Deus e bani-lo da alma, para poder dar ao corpo uma satisfação vil, da qual você sentirá vergonha, quando acabar? O Senhor reclama disso por meio de Ezequiel: “Por isso, assim diz o Senhor Javé: Dado que te esqueceste de Mim e Me voltaste as costas, agora carrega também a tua devassidão e as tuas prostituições” - Ezequiel 23:35. Santo Tomás diz que, devido a todos os vícios, mas especialmente pelo vicio da impureza, os homens são lançados para longe de Deus. "Per luxuriam maxime recedit a Deo".

Além disso, os pecados de impureza, em virtude do seu grande número, são um mal imenso. Um blasfemador nem sempre blasfema, mas só quando está bêbado ou quando é provocado pela ira. O assassino, cujo trabalho é matar os outros, em geral não comete mais que oito ou dez homicídios. Mas os impuros são culpados de uma torrente incessante de pecados, por pensamentos, por palavras, por olhares, por complacências, e por toques, de modo que, quando vão à confissão, eles acham impossível dizer o número de pecados que cometeram contra a pureza. Mesmo durante o sono, o diabo lhes representa objetos obscenos, de modo que ao acordar, eles se deleitem com eles, e porque se fizeram escravos do inimigo, eles obedecem e aprovam as suas sugestões, porque é fácil cair no hábito deste pecado. Para os outros pecados, como a blasfêmia, a difamação e os assassinatos, os homens não estão propensos, mas para este vício, a natureza os inclina. Por isso, Santo Tomás diz que não há pecador tão pronto a ofender a Deus, como o devoto da luxúria, em toda ocasião que lhe ocorre. "Nullus ad Dei contemptum promptior". O pecado da impureza traz em sua formação os pecados da difamação, do roubo, do ódio, e de gostar de suas abominações imundas. Além disso, normalmente envolve a malícia do escândalo. Outros pecados, tais como uma blasfêmia, um perjúrio, um assassinato, criam horror naqueles que os testemunham, mas este pecado induz os outros, que são carnais, a cometê-lo, ou, pelo menos, a cometê-lo com menos horror.

"Totum hominem", diz São Cipriano, "agit in triumphum libidinis". Por meio da luxúria, o Diabo triunfa sobre o homem inteiro, sobre seu corpo e sobre sua alma, sobre sua memória, enchendo-a com a lembrança de prazeres impuros, a fim de fazê-lo gostar deles; sobre o seu intelecto, para fazê-lo desejar ocasiões de cometer o pecado; sobre a vontade, fazendo-o amar as impurezas como seu fim último, e como se não houvesse Deus. “Eu havia feito um pacto com meus olhos: não desejaria olhar nunca para uma virgem. Que parte me daria Deus lá do alto.” - Jó 31:1-2. Jó tinha medo de olhar para uma virgem, porque ele sabia que se consentisse com um mau pensamento, Deus não deveria ter parte com ele. De acordo com São Gregório, a partir da impureza surgem a cegueira do entendimento, a destruição, o ódio a Deus e o desespero quanto à vida eterna. Santo Agostinho diz que, embora os impuros possam envelhecer, o vício da impureza não envelhece neles. Por isso, Santo Tomás diz que não há pecado em que o Diabo se deleite tanto como neste pecado, porque não há outro pecado a que a natureza se apegue com tanta tenacidade. Ela adere ao vício da impureza tão firmemente, que o apetite por prazeres carnais se torna insaciável. Vá agora, e diga que o pecado da impureza não é mais que um pequeno mal. Na hora da morte, você não dirá isso, todos os pecados dessa espécie lhe aparecerão como um monstro do inferno. Você não será capaz de dizê-lo ante o Juízo de Jesus Cristo, que lhe dirá o que o Apóstolo já lhe disse, "Nenhum fornicador, ou impuro... terá herança no reino de Cristo e de Deus."- Efésios 5:5. O homem que viveu como um animal, não merece assentar-se entre os anjos.

Caríssimos irmãos, continuemos a orar a Deus para nos livrar desse vício, senão perderemos nossas almas. O pecado da impureza traz com ele a cegueira e a obstinação. Todos os vícios produzem sombras no entendimento, mas a impureza produz em maior grau do que todos os outros pecados. "A fornicação, o vinho e a embriaguez acabam com o raciocínio." - Oséias 4:11. O vinho priva-nos da compreensão e da razão, o mesmo faz a impureza. Por isso, Santo Tomás diz que o homem que se entrega aos prazeres impuros, não vive de acordo com a razão. "In nullo procedit secundum judicium rationis". Ora, se os impuros estão privados da luz e já não vêem o mal que fazem, como poderão odiar esse mal e mudar de vida? O profeta Oséias diz que, estando cegos devido a sua própria lama, eles nem sequer pensam em voltarem-se para Deus; porque as suas impurezas tiram-lhes todo o conhecimento de Deus. “Seu proceder não lhes permite voltarem ao seu Deus, porque um espírito de prostituição os possui; eles desconhecem o Senhor.” - Oséias 5:4. Por isso, São Lourenço Justiniano disse que este pecado faz os homens se esquecerem de Deus. “Os prazeres da carne induzem ao esquecimento de Deus". E São João Damasceno ensina que "o homem carnal não pode olhar para a luz da verdade”. Assim, os lascivos e voluptuosos não entendem o que quer dizer graça de Deus, julgamento, inferno e eternidade. "Caiu fogo sobre eles, e não viram mais o sol." - Salmo 57:9. Alguns desses cegos meliantes vão tão longe a ponto de dizer que o adultério não é em si pecaminoso. Eles dizem que ele não foi proibido na Antiga Lei, e em apoio a esta doutrina execrável, eles invocam as palavras do Senhor a Oséias: "Vai e desposa uma mulher dada ao adultério, e aceita filhos adulterinos." - Oséias 1:2. Em resposta, digo que Deus não permitiu a Oséias cometer adultério, mas desejava que ele se casasse com uma mulher culpada de adultério, e os filhos deste casamento eram chamados filhos adulterinos, porque sua mãe tinha sido culpada desse crime. De acordo com São Jerônimo, esse é o significado das palavras do Senhor a Oséias. O santo doutor diz: "Id circo fornicationis appellandi sunt filii, quod sunt de meretrice generati". Mas o adultério sempre foi proibido, sob pena de pecado mortal, na Velha como na Nova Lei. São Paulo diz: “Nenhum fornicador, ou impuro... terá herança no reino de Cristo e de Deus." Efésios 5:5. Perceba a impiedade para a qual a cegueira de tais pecadores os carrega! Por causa desta cegueira, embora eles venham aos sacramentos, suas confissões são nulas por falta de verdadeiro arrependimento, porque como será possível para eles terem verdadeiro arrependimento, quando não conhecem nem detestam seus pecados?

O vício da impureza também traz consigo a obstinação. Para vencer as tentações, especialmente contra a castidade, a oração contínua é necessária. “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação. Pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca.” - Marcos 14:38. Mas como os impuros, que estão sempre procurando novas tentações, poderão orar a Deus para livrá-los da tentação? Eles às vezes, como Santo Agostinho confessou de si mesmo, abstém-se da oração, devido ao medo de serem ouvidos e curados da doença, que eles desejam que não acabe. "Eu temia", disse o santo, “que Vós irieis em breve ouvir-me e curar-me do pecado da concupiscência, que eu desejava ver saciado, em vez de extinto”. São Pedro chama este vício de pecado insaciável. "Têm os olhos cheios de adultério e são insaciáveis no pecar." – 2 Pedro 2:14. A impureza é chamada de um pecado insaciável por conta da obstinação que ela induz. Alguns viciados nela dizem: Eu sempre confesso este pecado. Tanto pior, porque, como você sempre recai no pecado, essas confissões servem para fazer você perseverar no pecado. O medo da punição é diminuído, dizendo: Eu sempre confesso este pecado. Se você pensava que esse pecado certamente merecia o Inferno, você dificilmente diria: eu não vou desistir, eu não me importo de ser condenado. Mas o diabo engana você. Ele diz: Cometa esse pecado depois você o confessará. Mas, para fazer uma boa confissão de seus pecados, você deve ter verdadeira tristeza de coração e um firme propósito de não pecar mais. Onde estão essa tristeza e esse firme propósito de emenda, se você sempre volta ao vômito? Se você tivesse essas disposições, e tivesse recebido a graça santificante em sua confissão, você não teria recaído, ou pelo menos você deveria ter se abstido por um tempo considerável antes de recair. Você sempre caiu no pecado, em oito ou dez dias, e talvez em um tempo menor, após a confissão. Que sinal é esse? É um sinal de que você estava sempre em inimizade com Deus. Se um homem doente imediatamente vomita o remédio que ele toma, é um sinal de que a doença é incurável.



São Jerônimo diz que o vício da impureza, quando habitual, cessará quando o infeliz homem que se entrega a ele for lançado no fogo do inferno. "Oh, fogo infernal, luxúria, cujo combustível é a gula, cujas faíscas são as breves conversas, cujo fim é o inferno". Os impuros se tornam como o abutre que se deixar ser morto pelo caçador em vez de abandonar a podridão dos corpos de que se alimenta. Foi o que aconteceu a uma jovem, que, depois de ter vivido com o hábito do pecado com um rapaz, caiu doente, e pareceu se converter. Na hora da morte, ela pediu a seu confessor para sair e conversar com o rapaz, a fim de exortá-lo a mudar de vida com a visão de sua morte. O confessor muito imprudentemente deu a permissão, e disse-lhe o que deveria dizer a seu cúmplice em pecado. Mas escute o que aconteceu. Logo que ela o viu, esqueceu sua promessa ao confessor e a exortação a dar ao jovem. E o que ela fez? Ela levantou-se, sentou-se na cama, esticou os braços para ele, e disse: Amigo, eu sempre te amei, e mesmo agora, no fim da minha vida, eu te amo, eu vejo que por você eu irei para o inferno, mas eu não me importo, eu estou disposta, por seu amor, a ser condenada. Após estas palavras, ela caiu de costas na cama e expirou. Esses fatos são relatados pelo Padre Segneri. Oh! Quão difícil é para uma pessoa que contraiu o hábito deste vício mudar de vida e voltar-se sinceramente a Deus! Quão difícil é para essas pessoas não caírem no inferno, como a infeliz jovem de quem acabamos de falar.

OS DOZE DEGRAUS DA HUMILDADE - Santo Tomás de Aquino








HUMILDADE



OS DOZE DEGRAUS DA HUMILDADE - Santo Tomás de Aquino
(Suma Teológica, II-II, q.161, a.6)


A Regra de São Bento estabelece doze degraus:


1) "ter os olhos sempre baixos, manifestando humildade interior e exterior";
2) "falar pouco e sensatamente, em voz baixa";
3) "não ser de riso pronto e fácil";
4) "manter-se calado, enquanto não for interrogado";
5) "observar o que prescreve a regra comum do mosteiro";
6) "reconhecer-se e mostrar-se o mais indigno de todos";
7) "julgar-se, sinceramente, indigno e inútil em tudo";
8) "confessar os próprios pecados";
9) "por obediência, suportar, pacientemente, o que é duro e difícil";
10) "submeter-se, obedientemente, aos superiores";
11) "não se comprazer na vontade própria";
12) "temer a Deus e ter presente tudo o que ele mandou";"A humildade está, essencialmente, no apetite, na medida em que alguém refreia os impulsos do seu ânimo, para que não busque, desordenamente, as coisas grandes. Mas a regra da humildade está no conhecimento que impede que alguém se superestime. E o princípio e raiz dessas duas atitudes é a reverência que se presta a Deus. Por outro lado, da disposição interior do homem procedem alguns sinais exteriores de palavras, atos e gestos, que revelam o que está oculto no íntimo, como também ocorre com as outras virtudes, pois, "pelo semblante se reconhece o homem; pelo aspecto do rosto, a pessoa sensata" (Ecl XIX, 26), diz a Escritura.


Por isso, nos alegados graus de humildade figura um que pertence à raiz dela, a saber, o décimo segundo: "temer a Deus e ter presente tudo o que nos mandou".


Mas nesses graus há também algo que pertence ao apetite, como o não buscar, desordenadamente, a própria superioridade, o que se dá de três modos. Primeiro, não seguindo a própria vontade (11º); depois, regulando-a pelo juízo do superior (10º) e, em terceiro lugar, não desistindo em face de situações duras e difíceis (9º).


Aparecem também graus relativos à estima em que alguém deve ter ao reconhecer os próprios defeitos. E isso de três modos: primeiro, reconhecendo e confessando os próprios defeitos (8º). Depois, em vista desses defeitos, julgando-se indigno de coisas maiores (7º). Em terceiro lugar, considerando os outros, sob esse aspecto, superiores a si (6º).


Finalmente, nessa enumeração já também graus relativos à manifestação externa. Um deles, quanto às ações, de modo que, em suas obras, não se afaste do caminho comum (5º). Outros dois referem-se às palavras, quer dizer, que não se fale fora do tempo (4º), nem se exceda no falar (2º). Por fim, há os graus ligados aos gestos exteriores, como , por exemplo, reprimir o olhar sobranceiro (1º) e coibir risadas e outras manifestações impróprias de alegria (3º)" (resp.).






AS CINCO ESPÉCIES DE GULA - Santo Tomás de Aquino



O PECADO DE GULA 


AS CINCO ESPÉCIES DE GULA
Santo Tomás de Aquino
(Suma Teológica, II-II, q.148, a.4)

São Gregório diz: "O vício da gula nos tenta de cinco maneiras: às vezes, adiantamos a hora de comer, antecipando a necessidade; outras vezes, buscamos pratos mais refinados; outras vezes, desejamos alimentos preparados com mais esmero; outras ainda, exageramos na quantidade da comida; outras vezes, enfim, pecamos pela própria voracidade de um apetite sem limite". Todos esses modos ele resume assim: "apressadamente, refinadamente, excessivamente, avidamente, meticulosamente".

"A gula implica um desordenado desejo para comer. Ora, no comer duas coisas devem ser consideradas: o alimento que se come e a ação de comer. Daí os dois modos de entender essa concupiscência desordenada. Primeiro, quanto ao alimento que comemos. Assim, quanto à substância ou a espécie de comida, há quem procure alimentos refinados, isto é, caros; quanto à qualidade, há quem busque alimentos acuradamente preparados, isto é, meticulosamente; e quanto à quantidade, há os que exageram, comendo em excesso. Em segundo lugar, considera-se a desordem da concupiscência, quanto ao ato de comer, ou por antecipar o tempo próprio para isso, isto é, apressadamente; ou por não observar a maneira conveniente de comer, isto é, avidamente. Isidoro, por sua vez, une as duas circunstâncias numa só, dizendo que o guloso se excede "na substância, na quantidade, no modo e no tempo" ".

Santo Afonso Maria de Ligório ensina a importância do silêncio



1. O silêncio é um meio excelente para se alcançar o espírito da oração e para se habilitar para o trato ininterrupto com Deus. Dificilmente se encontrará uma pessoa verdadeiramente piedosa que fale muito.
.
Todos que possuem o espírito de oração amam igualmente o silêncio, que é justamente chamado o conservador da inocência, um baluarte contra as tentações e uma fonte de oração, pois que o silêncio favorece o recolhimento e excita no coração bons pensamentos: ele obriga de certo modo a alma a pensar em Deus e nos bens celestes, como diz S. Bernardo (Ep. 78).
.
Por essa razão todos os santos e mesmo aqueles que não viveram como anacoretas eram especiais amantes do silêncio.
.
profeta Isaías diz: “O silêncio cultivará na alma a justiça” (Is 32, 17). De um lado ele nos preserva de muitos pecados, removendo a ocasião de altercações, de difamações, rancor e curiosidade; de outro lado, nos auxilia a adquirir muitas virtudes.
.
Como não se pratica admiravelmente a humildade quando se ouve modestamente e se guarda o silêncio, enquanto falam os outros; a mortificação, quando, desejando-se narrar algum episódio ou dizer algum chiste se abstém disso, calando-se; a mansidão, quando nada se responde sendo-se injustamente repreendido ou injuriado!
.
O muito falar, pelo contrário, traz consigo muitos danos. Como se conserva a devoção pelo silêncio, assim também se perde pelo muito falar. Por mais que se esteja recolhido durante a oração, se depois não se vencer no falar, estar-se-á logo distraído como se não tivesse feito oração. Abrindo-se a tampa de uma estufa, o calor se evapora em curto prazo.
.
“Evita o muito falar, admoesta S. Doroteu” (Doct. 24). É fora de dúvida que uma pessoa que fala muito com os homens pouco se entretém com Deus, e que Deus, por sua parte, pouco fala com ela; segundo suas próprias palavras, ele conduz a alma à solidão quando lhe quer dirigir a palavra: “Eu a conduzirei à solidão e lhe falarei ao coração” (Os 2, 14).
.
Além disso, nos admoesta o Espírito Santo (Prov 10, 19): “No muito falar não faltará pecado”. Ainda que durante a conversação que se protrai sem necessidade, não se pense que se está cometendo falta, contudo, depois, em um sério exame de consciência, se descobrirá qualquer falta, quer por indiscrição, ou por curiosidade, ou, ao menos, por inútil tagarelice.
.
Mas, que digo eu? Não é só de uma ou outra falta que nos tornamos culpados, quando falamos muito, mas de grande número delas. Segundo S. Tiago (Tg 3, 6) é a língua “um mundo de injustiças”; pois, como nota um sábio escritor, o maior número de pecados é ocasionado pelo falar ou pelo ouvir falar.
.
Ah! quantas almas não se acharão, no dia do juízo, ente os condenados porque não guardaram sua língua! O pior é que aquele que se entrega à distração pelo intenso trato com as criaturas e pelo muito falar, não conhece suas faltas e, por isso, cai sempre mais profundamente. “O homem que fala muito, diz o salmista (Prov 139, 12), não será dirigido na terra”, e seguirá por mil desvios, sem que se possa esperar a sua emenda.
.
Parece que alguns não podem viver sem prosear desde a manhã até à tarde: querem saber tudo o que acontece, incomodam-se com tudo e ainda perguntam que mal fazem com isso. A esses respondo: Deixai de falar tanto, procurai recolher-vos um pouco e conhecereis quantas faltas cometestes com vosso imoderado prosear.
.
“Quem guarda a sua boca, guarda a sua alma”, diz o Sábio (Prov 13, 3). E São Tiago escreve:“Quem não peca por palavra é um homem perfeito” (Tg 3, 2).
Quem, por amor de Deus, pratica o silêncio, fará também com diligência a leitura espiritual, a meditação e a visita ao Santíssimo Sacramento. Oh! quanto ama Deus a uma alma que observa o silêncio!
.
Principalmente se se mortifica no falar naquelas ocasiões em que sente um desejo especial para falar, por exemplo, depois de um longo retiro, em acontecimentos agradáveis ou desagradáveis.
.
Quem costuma, porém, se difundir em conversas estará continuamente distraído e deixará facilmente a oração, a meditação e outros exercícios de devoção e perderá assim, pouco a pouco, o gosto por Deus e pelas coisas divinas.
.
É impossível que aquele que não ama o silêncio, diz S. Maria Madalena de Pazzi, ache gosto nas coisas divinas; ele se lançará, mais cedo ou mais tarde, nos braços das alegrias mundanas.
.
2. Contudo, a virtude do silêncio não consiste em nunca se abrir a boca para uma conversa, mas em se calar quando não há motivo razoável para se falar. Por isso diz Salomão (Ecle 3, 7): “Há tempo para se calar e tempo para falar”. Nota S. Gregório de Nissa que se fala primeiramente do tempo de se calar, porque pelo silêncio é que se aprende a arte de falar bem.
.
Quando, pois, se deverá calar e quando deverá falar um cristão que deseja santificar-se? Ele deve calar-se quando não for necessário falar, e deve falar quando a necessidade ou a caridade o exigir.
.
S. Crisóstomo (In ps. 140) estabelece a seguinte regra: “Só quando o falar for mais proveitoso que o calar-se é que se deve falar”. Com isso se harmoniza o conselho dado pelos mestres espirituais: “Cala-te ou fala de tal modo que o falar seja preferível ao silêncio”. S. Arsênio confessou que se arrependeu muitas vezes de ter falado e nunca de ter guardado o silêncio. Por isso S. Efrém aconselha a cada cristão:
“Fala muito com Deus e pouco com os homens” (Encom, in ps.).
.
Pelo que farias muito bem, alma cristã, se guardasses o silêncio em certas e determinadas horas do dia e, para não encontrares ocasião de falar, te retirasses, durante esse tempo, para um lugar solitário. Se a obediência ou a caridade não to permitir, procura ao menos achar alguns momentos livres para te recolheres e reparares as faltas que cometeste em tuas conversações, pois o Sábio diz (Eclo 14, 14):
.
“Não deixes passar uma partezinha do bem que te é concedido”. Se não puderes empregar para o Senhor mais tempo, consagra-lhe ao menos os curtos instantes que te estão à disposição e procura cortar toda conversação inútil sob qualquer oportuno pretexto.
.
Se alguma vez em tua presença se pronunciar alguma palavra indecente, foge então sem demora ou, ao menos, abaixa os olhos e não dês resposta ou então dirige a conversa para outro assunto. Conversas mundanas deves procurar cortá-las quanto antes. S. Francisca Romana recebeu certa vez uma bofetada de seu anjo da guarda porque não deu outra direção a uma conversa de algumas senhoras que falavam sobre coisas fúteis.
.
Para não faltares neste ponto, deves, antes de tudo, mortificar a tua curiosidade. O Abade João costumava dizer: Quem quiser refrear sua língua, deve tapar seus ouvidos, reprimindo o desejo de saber novidades.
.
3. Se estiveres obrigada a falar, alma cristã, pondera bem primeiramente o que queres dizer: “Coloca tuas palavras na balança” (Eclo 28, 29), te diz o Espírito Santo.
.
S. Bernardo diz que as palavras deveriam passar duas vezes pelo crivo da apuração antes de chegarem à língua, para que não se diga o que não é útil declarar. S. Francisco de Sales exprime o mesmo pensamento com outras palavras: “Para não se faltar, na conversa, se deveria ter a boca como que abotoada, para que se pudesse refletir, enquanto se desabotoasse, no que vai se falar”.
.
Antes de falar deves, pois, ponderar:

1º. o que queres dizer - 
se, por exemplo, com isso não ofendes a caridade, a modéstia ou qualquer outro mandamento de Deus;
.
2º. com que intenção falas - algumas vezes se diz alguma coisa boa, mas com má intenção, para se aparecer virtuoso ou então espirituoso;
.
3º. com quem falas – se com um superior, ou com um igual, ou inferior; se na presença de adultos ou de crianças, que talvez poderiam escandalizar-se com tuas palavras;
.
4º. como deves falar - pois é teu dever falar com simplicidade cristã, sem afetação; com humildade, evitando toda a expressão orgulhosa ou vaidosa; com mansidão, sem mostrar impaciência ou ofender o próximo; com discrição, sem querer ter sempre a primeira palavra, principalmente se fores mais moço que os outros; com modéstia, evitando interromper os demais.
.
Além disso, deves falar com voz moderada e evitar todas as expressões e gestos que são próprios de um mundano. Finalmente, deves te abster de rir imoderadamente, pois isso de forma alguma está bem a uma pessoa que deseja viver piedosamente, como nota S. Basílio.
.
Um riso moderado, porém, que denota a alegria do coração, não é nem contra a civilidade nem contra a piedade.
.
Modéstia e alegria é o que deve luzir no procedimento de um bom cristão, e não melancolia e desalento, pois isso desonra a piedade e induz a crer que uma vida dedicada a Deus ocasiona, em vez de paz e alegria, unicamente tristeza e tribulações. 

Santo Afonso Maria de LIGÓRIO. Escola da Perfeição Cristã. Obra compilada dos escritos de Santo Afonso Maria de Ligório, Doutor da Igreja, pelo Pe. Saint-Omer, C. SS. R. Petrópolis (s. e.), 1955, p.256-259.

Da boa e má tristeza - São Francisco de Sales





A tristeza pode ser boa ou má.

A tristeza que vem de Deus, diz São Paulo, opera a penitência para a salvação; e a tristeza que vem do mundo opera a morte. A tristeza pode pois ser boa ou má, segundo os efeitos que em nós produz. É verdade que há mais efeitos maus do que bons; porque só há dois bons: misericórdia e penitência; e seis maus: angústia, preguiça, indignação, inveja, impaciência e ciúme. É por isso que diz o sábio: "A tristeza mata muita gente, e nada com ela ganhamos"; porque há dois bons regatos que dele provém, há seis maus.
inimigo serve-se da tristeza para exercitar a perseverança dos bons; porque, assim como procura alegrar os maus no pecado, procura entristecer os bons nas boas obras; e assim como não pode atrair para o mal senão tornando-o agradável, também não pode afastar do bem, senão tornando-o aborrecido.
O demônio só pede tristeza e melancolia; porque assim como ele está para toda a eternidade triste e melancólico, assim desejaria que todos o estivessem também.
A tristeza má perturba a alma e inquieta-a, incute-lhe temores desregrados, afasta-a da oração; atormenta o cérebro, e priva a alma do conselho, resolução, juízo e coragem, absorvendo-lhe completamente as forças. Em breve tempo estará como um rigoroso inverno, que apaga toda a beleza da terra e atormenta todos os animais; porque priva a alma de toda a consolação e torna impotentes as suas faculdades.
O rei Davi não se queixa só da tristeza, quando diz: "Porque estas triste, minha alma?", mas somente do custo e da vacilação dizendo: "Porque te perturbas?" A tristeza boa deixa uma grande paz e tranquilidade no espírito. É por isso que Nosso Senhor, dizendo aos seus apóstolos: "Vós estareis tristes", acrescenta: "não se perturbe o vosso coração; nada temais". Eis que a minha grande amargura esta em paz, diz Isaías.
A tristeza má vem como saraiva, com uma mudança inopinada e grandes terrores e impetuosidade, e de repente, sem que se possa dizer donde vem, porque não se deixa adivinhar. Entretanto que a tristeza boa chega docemente à alma, como uma chuva fina, que tempera os ardores das consolações, e com algumas razões precedentes.
A tristeza má perde o coração e atormenta-o tornando-o inútil, fazendo-lhe perder o cuidado das boas obras, como diz o salmista, e como Agar, que deixou o filho debaixo da árvore para chorar. A tristeza boa dá força e coragem, e não deixa nem abandona um bom desígnio; esta foi a tristeza de Nosso Senhor, que embora fosse a maior que existiu, não lhe impediu a oração nem o cuidado dos seus apóstolos. E Nossa Senhora, tendo perdido seu filho, ficou muito triste; mas nem por isso deixou de o procurar com diligência, como também fez Madalena, sem se demorar a lamentar-se e chorar inutilmente.
A tristeza pecaminosa obscurece o entendimento, priva as almas de conselho, de resolução e discernimento, como sucede aqueles de quem diz o Salmista que "os perturbaram e abalaram como um ébrio, e ficaram privados de sabedoria"(Salmo CVI, 27). Procuram-se remédios aqui e além, confusamente sem tino e às apalpadelas. A tristeza santa abre o espírito, torna-o claro e luminoso, e como diz o Salmista, dá inteligência.


A pecaminosa impede a oração e a contemplação, e faz desconfiar da benignidade divina; pelo contrário a santa fortalece-nos na bondade de Deus, e impele-nos a invocar a sua misericórdia. "As tribulações e angústias perturbaram-me; mas os vossos mandamentos foram a minha meditação".
Em suma, os que estão possuídos da tristeza pecaminosa mergulham-se em uma infinidade de horrores, erros e temores inúteis, receando ser abandonados por Deus de incorrerem na sua desgraça e de se lhe não apresentaram para lhe pedir perdão. Tudo lhe parece contrário à sua salvação; são como Caim, que pensava que todos os que encontrava o queriam matar. Julgam que Deus será injusto e severo só com eles por toda a eternidade; pensam que os outros são muito mais felizes do que eles. É da soberba que provém tal crença a qual lhes persuade que deveriam ser muito melhores do que os outros e mais perfeitos do que ninguém.
A tristeza santa, porém discorre assim; "Sou uma criatura miserável, vil, e abjeta: logo Deus usará de misericórdia para comigo; porque a virtude acrisola-se na doença, e não se aflige por ser pobre, miserável."
Ora o fundamento da oposição que se oferece entre a boa e má tristeza, é que o Espírito Santo é o autor da tristeza santa e por ser o único consolador, as suas operações trazem consigo luz e claridade. Por consequência, essas operações são inseparáveis do verdadeiro bem; porque os frutos do Espírito Santo, diz São Paulo, são: caridade, gozo, paz, paciência, begnidade, longaminidade.
Pelo contrário, o espírito maligno, autor da má tristeza, (porque não aludo à tristeza natural que tem mais necessidade de medicina do que de teologia) é um verdadeiro estrago, tenebroso e aniquilador, e os seus frutos só podem ser: ódio, tristeza, inquietação, pesar, malignidade e desalento. Ora todos os sinais da tristeza má são os mesmos que os do mau temor.

As Virtudes Cardeais e as Virtudes Teologais



***As Virtudes Cardeais***
Virtudes cardeais quer dizer virtudes centrais, fundamentais, orientadoras. É o mesmo que virtudes morais. São quatro como quatro são os pontos cardeais, as estações do ano, os lados da cruz, os alicerces da casa, os pés da mesa e da cama. A quaternidade para Jung é símbolo da perfeição. Eis as virtudes:
1 - Prudência
É o reto agir, o bom senso, o equilíbrio. Cuida do lado prático da vida, da ação correta e busca os meios para agir bem. Prudência é o mesmo que sabedoria, previdência, precaução. O prudente é previdente e providente. É pessoa que abandona as preocupações e abraça as soluções. Deixa as ilusões e opta pelas decisões. Rejeita as omissões e se empenha nas ocupações. O lema dos prudentes é: “Ocupação sim, preocupação não.” A prudência coloca sua atenção na preparação dos fatos e eventos e nunca na precipitação nem no amadorismo ou improvisação. Ciência sem prudência é um perigo.
2 - Temperança
É o auto-controle, auto-domínio, renúncia, moderação. A temperança ordena afetos, domestica os instintos, sublima as paixões, organiza a sexualidade, modera os impulsos e apetites. Abre o caminho para a continência, a castidade, a sobriedade, o desapego. É próprio da temperança o cuidado conosco mesmo, com os outros e com a natureza. A temperança não permite que sejamos escravos, mas livres e libertadores e nos encaminha para o cumprimento dos deveres e para a maturidade humana. Sem renúncia não há maturidade. Grande fruto da renúncia é a alegria e a paz.
3 - Fortaleza
Faz-nos fortes no bem, na fé, no amor. Leva-nos a perseverar nas coisas difíceis e árduas, a resistir à mediocridade, a evitar rotina e omissões. Pela fortaleza vencemos a apatia, a acomodação e abraçamos os desafios e a profecia. É virtude dos profetas, dos heróis, dos mártires e dos pobres. A fortaleza dos mártires e a ousadia dos apóstolos, como também a força dos pequenos e dos fracos é um sinal do dom da fortaleza na vida humana e na história da Igreja. Hoje a fortaleza nos leva a enfrentar a depressão, o stress, o câncer, a AIDS, os golpes da vida. Grandes são os conflitos humanos, porém maior é a força para superá-los. A vida é luta renhida, dizia nosso poeta e a fé é um combate espiritual. “Coragem, Eu venci o mundo!” (Jo 16,33).
4 - Justiça
Regula nossa convivência, possibilita o bem comum, defende a dignidade humana, respeita os direitos humanos. É da justiça que brota a paz. Sem a justiça nem o amor é possível. É a virtude da vida comunitária e social que se rege pelo respeito à igualdade da dignidade das pessoas. Da justiça vem a gratidão, a religião, a veracidade. Não se pode construir o castelo da caridade sobre as ruínas da justiça. Pelo contrário, o primeiro passo do amor é a justiça, porque amar é querer o bem do outro. A justiça é imortal (Sab 1,15). Esta virtude trata de nossos direitos e nossos deveres e diz respeito ao outro, à comunidade e à sociedade.





Virtudes Teologais

As virtudes podem ser HUMANAS e TEOLOGAIS. Nós cultivamos e usamos as virtudes humanas para conviver bem com as outras pessoas, no meio da nossa família, na nossa comunidade e no mundo, enfim. Também devemos cultivar as virtudes teologais no nosso relacionamento com Deus.

Quando recebemos o sacramento do Batismo é infundida em nós a graça santificante, que nos torna capazes de nos relacionar com a Santíssima Trindade e nos orienta na maneira cristã de agir. O Espírito Santo se torna presente em nós, fundamentando as virtudes teologais, que são três: FÉ, ESPERANÇA E CARIDADE.

1 - A Fé

Cultivando a fé, acreditamos no Deus Criador, que é o Pai, no Deus Salvador, que é Jesus Cristoe no Deus Santificador, que é o Espírito Santo. Cultivando a fé, compreendemos que o Altíssimo é uno e trino e que tudo isso nos foi revelado nas Sagradas Escrituras. Cremos, então, que Deus é a verdade.

No dia a dia, nós usamos muito a fé. Temos fé nas pessoas, às vezes até em pessoas em quem não sabemos se podemos confiar. Por exemplo: ninguém pode ser testemunha do seu próprio nascimento, mas a fé que nós cremos nos pais ou no cartório que fez o registro nos faz acreditar na data e no local do nosso nascimento. Do mesmo modo, quando entramos em um ônibus ou em um avião, acreditamos que o motorista ou o piloto são habilitados para nos transportar e nós nem os conhecemos, mas acreditamos neles.

E Deus, que criou todas as coisas e nos deu a faculdade de pensar, de raciocinar, de acreditar? Temos muito mais motivos para acreditar n'Ele, para confiar n'Ele, para nos abandonar livremente em Suas mãos.

A fé que devemos cultivar em relação a Deus é muito mais segura do que a fé que naturalmente temos nas pessoas. Assim, pela fé, cremos no Todo-poderoso e em tudo o que Ele nos revelou. Ele se revela sempre a nós. Primeiro pelos Profetas, depois, através de seu Filho, que é a Sua Palavra. Ele se revela também através do testemunho dos Apóstolos. E, constantemente, através dos acontecimentos da história da humanidade e da história de cada um de nós.

A criança tem uma fé sem limites na mãe, desde muito pequena, porque foi ela quem a gerou, a amamentou, ensinou-lhe a andar e a falar.

E Deus, que preparou um mundo maravilhoso para nós e nos colocou como centro desse mundo?... É forçoso que confiemos n'Ele, com total confiança. Precisamos procurar conhecer a vontade do Pai e realizá-la em nós, porque, como diz São Paulo, em sua Carta aos Gálatas (cf. Gl 5,6), a fé age por amor.

Mas não basta que nós cultivemos a fé. Esta, quando verdadeira, exige ação. Quando temos um amigo, não basta que gostemos dele. Devemos dar-lhe atenção, ajudá-lo quando necessário e possível, e ajudar também as pessoas que ele ama. Se não for assim, a amizade e a confiança não são verdadeiras.

Com Deus, é do mesmo modo. De que adianta a pessoa acreditar n'Ele e não fazer nada para melhorar o mundo que Ele criou com tanto amor? Madre Teresa de Calcutá dizia: "Eu sei que o meu trabalho é como uma gota no oceano, mas, sem ele, o oceano seria menor". E São Tiago, em uma carta, nos diz que "a fé sem obras é morta "(cf. Tg 2,26).

A fé nos leva, portanto, a praticar a justiça em tudo que fazemos.

2 - A Esperança

A Esperança é a virtude que nos ajuda a desejar e a esperar tempos melhores em nossa vida aqui na terra e a ter a certeza de que conquistaremos a vida eterna, que será a nossa felicidade.

Muitas vezes, passamos por momentos difíceis e achamos que nossa vida não tem solução. O mundo hoje está muito violento e cheio de catástrofes. A cada dia, assistimos na televisão e até bem perto de nós, cenas de maldade, agressões, violência. E assistimos também a tragédias provocadas por desastres da natureza.

Precisamos refletir sobre tudo o que está acontecendo, encontrar onde está a falha e buscar uma solução. Sozinhos, não somos nada, mas, com Deus, tudo podemos. A esperança nos leva a tentar vencer os obstáculos.

Há poucos dias, um fato nos chamou a atenção. Houve um tremor de terra no Haiti e 70% dos prédios da capital se desmoronaram. Um repórter conseguiu mostrar que, em meio à quase completa ruína de uma igreja católica, restou intacta, a imagem do Cristo Crucificado. Tudo quebrado no chão e ela lá, em pé, fulgurante, como a mostrar que Ele está presente junto ao povo sofrido. Esta cena é muito significativa. Pode-se compreender muita mensagem de Deus para nós. Precisamos aprender a escutar a voz do Pai. Cada um, no seu coração, vai interpretar, a seu modo, fatos como este, tão significativos.

No Antigo Testamento, a esposa de Abraão era estéril, mas o Senhor lhe prometeu uma descendência mais numerosa do que as estrelas do céu e todo o povo de Deus constitui a sua descendência, porque Sara, sua esposa, concebeu na velhice e gerou seu filho, Isaac.

No Novo Testamento, o anjo do Senhor anunciou a Virgem Maria que ela seria Mãe de um rei. E ela, de início sem compreender o que anjo falara, se prontificou a cumprir a vontade do Pai. Sofreu muito, meditando tudo no silêncio do seu coração. Esperou, esperou contra toda esperança e foi elevada aos céus e coroada Rainha dos anjos e dos santos, Mãe de Deus e Mãe da humanidade.

Seu Filho não foi aquele rei rico em coisas materiais, como nós imaginamos, no nosso mundo serem os reis. Mas Ele mesmo disse: "O meu reino não é deste mundo". E Ele é o Rei dos Reis e ao som do Seu nome se dobram todos os seres do céu, da terra e sob a terra. Somos, por meio de Cristo, herdeiros da esperança de vida eterna.

3 - Caridade

A Caridade é amor. São palavras sinônimas. A Caridade não é somente procurar uma moedinha no fundo da bolsa e jogá-la na latinha de quem pede. A Caridade não é somente ofertar um prato de comida a quem tem fome. A Caridade não é somente tirar do nosso guarda-roupa um vestido, uma blusa, um sapato ou qualquer objeto que não usamos mais e dar a quem nada tem. A Caridade é amor. É conhecer a dor da pessoa que vive perto de nós, quer seja na nossa família, na comunidade ou mais distante. Conhecer a sua dor e procurar com ela resolver o seu problema.

A Caridade é dar um "bom-dia!", é sorrir para uma criança indefesa, para um jovem, às vezes desorientado, para um idoso que carrega seu fardo com dificuldade.

A caridade, o amor é a virtude perfeita. Neste mundo, precisamos ter fé, esperança e amor. Precisamos ter fé e esperança porque aqui estamos caminhando nas trevas, isto é, acreditamos em algo que não vemos com os nossos olhos humanos e limitados. Mas cremos na aurora que dissipará essas trevas e, quando alcançarmos a vida eterna, a fé e a esperança já não serão necessárias, porque já estaremos diante do Pai.

Entretanto, o amor permanece, porque Deus é amor e, se estamos diante d'Ele, também somos amor.

Por isso é que São Paulo, em sua Primeira Carta aos Coríntios, termina o capítulo 13 dizendo: "Agora, portanto, permanecem três coisas: a fé, a esperança e o amor. A maior delas é o amor".

AddThis

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...