A tristeza pode ser boa ou má.
A tristeza que vem de Deus, diz São Paulo, opera a penitência para a salvação; e a tristeza que vem do mundo opera a morte. A tristeza pode pois ser boa ou má, segundo os efeitos que em nós produz. É verdade que há mais efeitos maus do que bons; porque só há dois bons: misericórdia e penitência; e seis maus: angústia, preguiça, indignação, inveja, impaciência e ciúme. É por isso que diz o sábio: "A tristeza mata muita gente, e nada com ela ganhamos"; porque há dois bons regatos que dele provém, há seis maus.
O
O demônio só pede tristeza e melancolia; porque assim como ele está para toda a eternidade triste e melancólico, assim desejaria que todos o estivessem também.
A tristeza má perturba a alma e inquieta-a, incute-lhe temores desregrados, afasta-a da oração; atormenta o cérebro, e priva a alma do conselho, resolução, juízo e coragem, absorvendo-lhe completamente as forças. Em breve tempo estará como um rigoroso inverno, que apaga toda a beleza da
O rei Davi não se queixa só da tristeza, quando diz: "Porque estas triste, minha alma?", mas somente do custo e da vacilação dizendo: "Porque te perturbas?" A tristeza boa deixa uma grande paz e tranquilidade no espírito. É por isso que Nosso Senhor, dizendo aos seus apóstolos: "Vós estareis tristes", acrescenta: "não se perturbe o vosso coração; nada temais". Eis que a minha grande amargura esta em paz, diz Isaías.
A tristeza má vem como saraiva, com uma mudança inopinada e grandes terrores e impetuosidade, e de repente, sem que se possa dizer donde vem, porque não se deixa adivinhar. Entretanto que a tristeza boa chega docemente à alma, como uma chuva fina, que tempera os ardores das consolações, e com algumas razões precedentes.
A tristeza má perde o coração e atormenta-o tornando-o inútil, fazendo-lhe
A tristeza pecaminosa obscurece o entendimento, priva as almas de conselho, de resolução e discernimento, como sucede aqueles de quem diz o Salmista que "os perturbaram e abalaram como um ébrio, e ficaram privados de sabedoria"(Salmo CVI, 27). Procuram-se remédios aqui e além, confusamente sem tino e às apalpadelas. A tristeza santa abre o espírito, torna-o claro e luminoso, e como diz o Salmista, dá inteligência.
A pecaminosa impede a oração e a contemplação, e faz desconfiar da benignidade divina; pelo contrário a santa fortalece-nos na bondade de Deus, e impele-nos a invocar a sua misericórdia. "As tribulações e angústias perturbaram-me; mas os vossos mandamentos foram a minha meditação".
Em suma, os que estão possuídos da tristeza pecaminosa mergulham-se em uma infinidade de horrores, erros e temores inúteis, receando ser abandonados por Deus de incorrerem na sua desgraça e de se lhe não apresentaram para lhe pedir perdão. Tudo lhe parece contrário à sua salvação; são como Caim, que pensava que todos os que encontrava o queriam matar. Julgam que Deus será injusto e severo só com eles por toda a eternidade; pensam que os outros são muito mais felizes do que eles. É da soberba que provém tal crença a qual lhes persuade que deveriam ser muito melhores do que os outros e mais perfeitos do que ninguém.
A tristeza santa, porém discorre assim; "Sou uma criatura miserável, vil, e abjeta: logo Deus usará de misericórdia para comigo; porque a virtude acrisola-se na doença, e não se aflige por ser pobre, miserável."
Ora o fundamento da oposição que se oferece entre a boa e má tristeza, é que o Espírito Santo é o autor da tristeza santa e por ser o único consolador, as suas operações trazem consigo luz e claridade. Por consequência, essas operações são inseparáveis do verdadeiro bem; porque os frutos do Espírito Santo, diz São Paulo, são: caridade, gozo, paz, paciência, begnidade, longaminidade.
Pelo contrário, o espírito maligno, autor da má tristeza, (porque não aludo à tristeza natural que tem mais necessidade de medicina do que de teologia) é um verdadeiro estrago, tenebroso e aniquilador, e os seus frutos só podem ser: ódio, tristeza, inquietação, pesar, malignidade e desalento. Ora todos os sinais da tristeza má são os mesmos que os do mau temor.
Em suma, os que estão possuídos da tristeza pecaminosa mergulham-se em uma infinidade de horrores, erros e temores inúteis, receando ser abandonados por Deus de incorrerem na sua desgraça e de se lhe não apresentaram para lhe pedir perdão. Tudo lhe parece contrário à sua salvação; são como Caim, que pensava que todos os que encontrava o queriam matar. Julgam que Deus será injusto e severo só com eles por toda a eternidade; pensam que os outros são muito mais felizes do que eles. É da soberba que provém tal crença a qual lhes persuade que deveriam ser muito melhores do que os outros e mais perfeitos do que ninguém.
A tristeza santa, porém discorre assim; "Sou uma criatura miserável, vil, e abjeta: logo Deus usará de misericórdia para comigo; porque a virtude acrisola-se na doença, e não se aflige por ser pobre, miserável."
Ora o fundamento da oposição que se oferece entre a boa e má tristeza, é que o Espírito Santo é o autor da tristeza santa e por ser o único consolador, as suas operações trazem consigo luz e claridade. Por consequência, essas operações são inseparáveis do verdadeiro bem; porque os frutos do Espírito Santo, diz São Paulo, são: caridade, gozo, paz, paciência, begnidade, longaminidade.
Pelo contrário, o espírito maligno, autor da má tristeza, (porque não aludo à tristeza natural que tem mais necessidade de medicina do que de teologia) é um verdadeiro estrago, tenebroso e aniquilador, e os seus frutos só podem ser: ódio, tristeza, inquietação, pesar, malignidade e desalento. Ora todos os sinais da tristeza má são os mesmos que os do mau temor.
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