WEBTV DE NOSSA SENHORA: WWW.APPARITIONSTV.COM
A finalidade deste Blog é divulgar as Vozes do Céu através das Mensagens dos Sagrados Corações de Jesus,Maria,José e do Divino Espírito Santo,dos Anjos e dos Santos,transmitidas ao Vidente Marcos Tadeu,nas Aparições de Jacareí-SP/Brasil. São as mais intensas,extraordinárias e últimas Mensagens dadas ao mundo para que se converta e tenha paz.Nestas Santas Aparições São José deseja que nos Consagremos a Ele ,que o invoquemos como Amantíssimo Coração de São José e também como CORAÇÃO PATERNAL DE SÃO JOSÉ,para que Ele possa nos conduzir pelo caminho da Santidade e nos leve ao verdadeiro Amor a Jesus e Maria.
segunda-feira, 31 de março de 2014
TERÇO DOS CONSAGRADOS
TERÇO DOS SAGRADOS CORAÇÕES
http://www.youtube.com/watch?v=XttKN6AxZK4&feature=youtu.be
Terço dos Consagrados
No início: Pai Nosso, Ave Maria, Creio
Nas contas grandes: "Corações Santíssimos de Jesus e de Maria, a vós me consagro assim como toda a minha família!"
Nas contas pequenas: "Mãe, salvai-nos pela nossa consagração ao vosso Coração Imaculado!"
Nas três últimas contas: "Pai, obrigado por nos terdes escolhido desde toda a eternidade!"
No final: "Salve Rainha"
JACAREÍ, 23 DE AGOSTO DE 2013
68ª AULA DA ESCOLA DE SANTIDADE E AMOR DE NOSSA SENHORA
TRANSMISSÃO DAS APARIÇÕES DIÁRIAS AO VIVO VIA INTERNET NA WEBTV MUNDIAL: WWW.APPARITIONSTV.COM
MENSAGEM DE NOSSA SENHORA
(Maria Santíssima): “Meus amados filhos, hoje, Eu venho novamente vos pedir que redobreis o vosso amor pelo Terço dos Consagrados ao Coração do meu Filho Jesus e ao Meu Coração, que Eu vos ensinei Aqui no início das Minhas Aparições. Rezai mais este Terço, para que vos consagreis e vos entregueis inteiramente aos Nossos Corações cada dia mais. A vossa consagração deve ser total, completa, sem reservas, sem limites aos Nossos Corações por isso vós deveis de agora em diante rezar este Terço com maior amor para que os Nossos Corações vos deem a graça de verdadeiramente viver em vós, reinar em vós, agir em vós e por meio de vós.
Quando rezais o Terço dos Consagrados vós verdadeiramente entrais dentro dos Nossos Corações, Nós vos introduzimos dentro dos Nossos Sagrados Corações e ali vos libertamos de todos os males do corpo e da alma, vos damos a paz dos Nossos Corações, vos iluminamos sobre muitos pontos da Doutrina Católica, para que vós compreendais quem é Deus, compreendais a Sua grandeza, a Sua Santidade, o que Ele espera de vós. E, sobretudo aumentamos sobre vós o influxo do Espírito Santo, para que cada vez mais cresçais na santidade e façais a santa vontade do Senhor.
A alma que reza o Nosso Terço dos Consagrados aos Nossos Corações com o coração, jamais cairá nas insídias de Satanás, jamais cairá em seu poder, porque a alma que se entrega a Nós por meio deste Terço verdadeiramente é tomada por Nós e Nós jamais permitiremos que o inimigo prevaleça sobre ela. Rezai-O para que vivais cada vez mais intensamente a consagração aos Nossos Corações e para que desse modo Satanás se afaste de vós vendo o selo dos Nossos Corações, o sinal dos Nossos Sagrados Corações, o sinal da cruz, da eleição do Nosso Amor nas vossas almas e assim Satanás nunca mais tenha poder sobre vós.
Eu, vos amo muito e estou convosco em todos os momentos, continuai a fazer a Hora do Sagrado Coração todas as sextas-feiras, Hora que agrada tanto ao Meu Filho Jesus, que salva tantas almas, que converte tantos pecadores e que vos une cada vez mais com o Coração do Meu Filho Jesus.
A todos neste momento Eu abençoo, especialmente aos que mais amam este Lugar e mais trabalham por seu bem e para torná-Lo conhecido, respeitado e venerado por todos. E abençoo também, especialmente a ti Marcos, o mais obediente dos Meus filhos.
A todos abençoo de Kerizinen, de Paray-Le-Monial e de Jacareí.”
(Marcos): “Até breve Senhora.”
WebTv:
www.apparitionstv.com
www.aparicoesdejacarei.com.br
www.facebook.com/Apparitionstv
http://www.youtube.com/watch?v=XttKN6AxZK4&feature=youtu.be
Terço dos Consagrados
No início: Pai Nosso, Ave Maria, Creio
Nas contas grandes: "Corações Santíssimos de Jesus e de Maria, a vós me consagro assim como toda a minha família!"
Nas contas pequenas: "Mãe, salvai-nos pela nossa consagração ao vosso Coração Imaculado!"
Nas três últimas contas: "Pai, obrigado por nos terdes escolhido desde toda a eternidade!"
No final: "Salve Rainha"
JACAREÍ, 23 DE AGOSTO DE 2013
68ª AULA DA ESCOLA DE SANTIDADE E AMOR DE NOSSA SENHORA
TRANSMISSÃO DAS APARIÇÕES DIÁRIAS AO VIVO VIA INTERNET NA WEBTV MUNDIAL: WWW.APPARITIONSTV.COM
MENSAGEM DE NOSSA SENHORA
(Maria Santíssima): “Meus amados filhos, hoje, Eu venho novamente vos pedir que redobreis o vosso amor pelo Terço dos Consagrados ao Coração do meu Filho Jesus e ao Meu Coração, que Eu vos ensinei Aqui no início das Minhas Aparições. Rezai mais este Terço, para que vos consagreis e vos entregueis inteiramente aos Nossos Corações cada dia mais. A vossa consagração deve ser total, completa, sem reservas, sem limites aos Nossos Corações por isso vós deveis de agora em diante rezar este Terço com maior amor para que os Nossos Corações vos deem a graça de verdadeiramente viver em vós, reinar em vós, agir em vós e por meio de vós.
Quando rezais o Terço dos Consagrados vós verdadeiramente entrais dentro dos Nossos Corações, Nós vos introduzimos dentro dos Nossos Sagrados Corações e ali vos libertamos de todos os males do corpo e da alma, vos damos a paz dos Nossos Corações, vos iluminamos sobre muitos pontos da Doutrina Católica, para que vós compreendais quem é Deus, compreendais a Sua grandeza, a Sua Santidade, o que Ele espera de vós. E, sobretudo aumentamos sobre vós o influxo do Espírito Santo, para que cada vez mais cresçais na santidade e façais a santa vontade do Senhor.
A alma que reza o Nosso Terço dos Consagrados aos Nossos Corações com o coração, jamais cairá nas insídias de Satanás, jamais cairá em seu poder, porque a alma que se entrega a Nós por meio deste Terço verdadeiramente é tomada por Nós e Nós jamais permitiremos que o inimigo prevaleça sobre ela. Rezai-O para que vivais cada vez mais intensamente a consagração aos Nossos Corações e para que desse modo Satanás se afaste de vós vendo o selo dos Nossos Corações, o sinal dos Nossos Sagrados Corações, o sinal da cruz, da eleição do Nosso Amor nas vossas almas e assim Satanás nunca mais tenha poder sobre vós.
Eu, vos amo muito e estou convosco em todos os momentos, continuai a fazer a Hora do Sagrado Coração todas as sextas-feiras, Hora que agrada tanto ao Meu Filho Jesus, que salva tantas almas, que converte tantos pecadores e que vos une cada vez mais com o Coração do Meu Filho Jesus.
A todos neste momento Eu abençoo, especialmente aos que mais amam este Lugar e mais trabalham por seu bem e para torná-Lo conhecido, respeitado e venerado por todos. E abençoo também, especialmente a ti Marcos, o mais obediente dos Meus filhos.
A todos abençoo de Kerizinen, de Paray-Le-Monial e de Jacareí.”
(Marcos): “Até breve Senhora.”
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TERÇO DO TRIUNFO DOS SAGRADOS CORAÇÕES - MEDITADO - Nº 01
www.youtube.com/watch?v=B1LU6ykJyZ4&feature=youtu.be
TERÇO DO TRIUNFO DOS SAGRADOS CORAÇÕES - MEDITADO - Nº 01
GRAVADO PELO VIDENTE MARCOS TADEU
SANTUÁRIO DAS APARIÇÕES DE JACAREÍ SP BRASIL
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TERÇO DO TRIUNFO DOS SAGRADOS CORAÇÕES - MEDITADO - Nº 01
GRAVADO PELO VIDENTE MARCOS TADEU
SANTUÁRIO DAS APARIÇÕES DE JACAREÍ SP BRASIL
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domingo, 30 de março de 2014
Da Salvação de Nossa Alma Santo Afonso Maria de Ligório
Da Salvação de Nossa Alma
Santo Afonso Maria de Ligório
« A salvação eterna não é só o mais importante,
senão o único negócio que nesta vida nos impende »
(Lc 10,42)
« A salvação eterna não é só o mais importante,
senão o único negócio que nesta vida nos impende »
(Lc 10,42)
O negócio da eterna salvação é, sem dúvida, o mais importante, e, contudo, é aquele de que os cristãos mais se esquecem!.
Não há diligência que não se efetue, nem tempo que não se aproveite para obter algum cargo, ganhar uma demanda, ou contratar tal casamento... Quantos conselhos, quantas precauções se tomam! Não se come, não se dorme!...E para alcançar a salvação eterna? O que se faz?
Nada se costuma fazer; ao contrário, tudo o que se faz é para perdê-la, e a maior parte dos cristãos vive como se a morte, o juízo, o inferno, a glória e a eternidade não fossem verdades de fé, mas apenas fábulas inventadas pelos poetas.
Quanta aflição quanto se perde um processo ou uma colheita e quanto cuidado para reparar o prejuízo!... Quando se extravia um cavalo ou um cão, quantas diligências para encontrá-los. Muitos perdem a graça de Deus, e entretanto dormem, riem e gracejam!...
“Mas vós, disseSão Paulo , vós, meus irmãos, pensai unicamente no magno assunto de vossa salvação, pois constituiu o negócio da mais alta importância”. É, sem contestação, o negócio mais importante, porque é das mais graves conseqüências, em vista de se tratar da alma, e, perdendo-se esta, tudo está perdido. Devemos estimar a alma – disse São João Crisóstomo, como o mais precioso dos bens. Para compreender esta verdade, basta considerar que Deus sacrificou seu próprio Filho à morte para salvar nossas almas (Jo 3,16). O Verbo Eterno não vacilou em resgatá-las com seu próprio sangue (I Cor 6,20).
Daí esta palavra de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Que dará o homem em troco de sua alma?” (Mt 16,26). Se tem tamanho valor a alma, qual o bem do mundo que poderá dar em troca o homem que a vem a perder?
Razão tinha São Filipe Neri em chamar de louco o homem que não trabalhava na salvação de sua alma. Se houvesse na terra homens mortais e homens imortais e aqueles vissem estes se aplicarem afanosamente às coisas do mundo, procurando honras, riquezas e prazeres terrenos, dizer-lhes-iam sem dúvida: « Quanto sois insensatos! Podeis adquirir bens eternos e só pensais nas coisas miseráveis e passageiras, condenando-vos a penas eternas na outra vida!... Deixai-os, pois, nesses bens s´´o devem pensar os desventurados que, como nós, sabem que tudo se acaba com a morte!... ». Isto, porém, não é assim: todos somos imortais...
A salvação eterna não é só o mais importante, senão o único negócio que nesta vida nos impende (Lc 10,42). “Que aproveita ao homem, disse o Senhor, ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? (Mt 16,26).
Se tu te salvas, meu irmão, nada importa que no mundo hajas sido pobre, perseguido e desprezado. Salvando-te, acabar-se-ão os males e serás feliz por toda a eternidade. Mas se te enganares e te perderes, de que te servirá no inferno haveres desfrutado de todos os prazeres do mundo, teres sido rico e cortejado? Perdida a alma, tudo está perdido: honras, divertimentos e riquezas.
Dirá Deus para ti no dia do Juízo, que coloquei-te neste mundo não para divertir-se, nem enriquecer, nem adquirir honras, senão para salvar sua alma, infelizmente a tudo tu atendeste, menos à salvação de tua alma!
Os mundanos não pensam no presente e nunca no futuro. Este é o único negócio, porque só temos uma alma. “Com receio e com tremor, trabalhai na vossa salvação” (Fl 2,12). Quem não receia nem teme perder-se não se salvará, porque para se salvar é preciso trabalhar e empregar violência (Mt 11,12).
Negócio importante, negócio único, negócio irreparável. Não há falta que se possa comparar, diz Santo Eusébio, ao desprezo da salvação eterna. Todos os demais erros podem ter remédio.
Perdido os bens, é possível readquirir outros por meio de novos trabalhos. Perdido um emprego, pode ser recuperado. Ainda no caso de perder a vida, se salvar a alma, tudo está preparado. Mas, para quem, se condena, não há possibilidade de remédio. Morre-se uma vez, e perdida uma vez a alma, está perdida para sempre.
Só restará o pranto eterno com os outros míseros insensatos do inferno, cuja pena e maior tormento consiste em pensar que para eles já não há mais tempo de remediar sua desdita (Jr 8,20). qual não seria o pesar daquele, que, tendo podido prevenir e evitar com pouco esforço a ruína de sua casa, a encontrasse um dia desabada, e só então considerasse seu descuido, quando não houvesse já remédio possível?
E se alguém objetar: Mesmo que cometa este pecado, porque ei de condenar-me?... Acaso, não poderei salvar-me? Responder-lhe-ei: Também pode ser que te condenes. Ainda direi que até há mais probabilidade em favor de tua condenação, porque a Sagrada Escritura ameaça com este tremendo castigo os pecadores obstinados, como tu o és neste instante. “Ai dos filhos que desertam!” (Is 30,1), diz o Senhor. “Ai daqueles que se afastam de mim” (Os 7,13).
E não pões ao menos, com esse pecado cometido, a tua salvação eterna em grande perigo e grande incerteza? E qual é esse negócio que assim se pode arriscar? Não se trata de uma casa, de uma cidade, de um emprego; trata-se, diz São João Crisóstomo, de padecer uma eternidade de tormentos e de perder um paraíso de delícias. E esse negócio, que tanto te deve importar, queres arriscá-lo por um “talvez”? Acaso, esperas que Deus aumente para ti suas luzes e suas graças depois que tu hajas aumentado ilimitadamente tuas faltas e pecados?
O dia da morte é chamado o dia da perda, porque perdermos as honras, as riquezas e os prazeres, enfim, todos os bens terrenos. Por esta razão diz Santo Ambrósio que não podemos chamar nossos, esses bens, porque não podemos levá-los conosco para o outro mundo; somente as virtudes nos acompanham para a eternidade.
“De que serve, pois, ganhar o mundo inteiro, se à hora da morte, perdendo a alma, tudo perde?”... Oh! Quantos jovens, penetrados desta grande máxima, resolveram entrar na clausura! Quantos anacoretas conduziu ao deserto! A quantos mártires moveu a dar a vida por Cristo!
Por meio destas máximas soube Santo Inácio de Loyola chamar para Deus inúmeras almas, entre elas a alma formosíssima deSão Francisco Xavier que, residindo em Paris, ali se ocupava em pensamentos mundanos. “Pensa, Francisco, lhe disse um dia o Santo, pensa que o mundo é traidor, que promete e não cumpre; mas ainda que cumprisse o que promete, jamais poderia satisfazer teu coração. E supondo que o satisfizesse, quanto tempo poderá durar essa felicidade? Mais que tua vida? E no fim dela, levarás tua dita para a eternidade? Existe, porventura, algum poderoso que tenha levado para o outro mundo uma moeda sequer ou um criado para seu serviço?...” Movido por estas considerações, São Francisco Xavier renunciou ao mundo, seguiu Santo Inácio de Loyola e se tornou um grande santo.
É mister pesar os bens na balança de Deus e não na do mundo, que é falsa e enganadora (Os 12,7). Os bens do mundo são desprezíveis, não satisfazem e acabam depressa. “Meus dias passaram mais depressa que um correio; passaram como um navio...” (Jo 9,25)
Passam e fogem velozes os breves dias desta vida; e o que resta por fim dos prazeres terrenos? Passaram como navios. O navio não deixa vestígio de sua passagem (Sb 5,10).
“O tempo é breve...os que se servem do mundo, sejam como se dele não se servissem, porque a figura deste mundo passa...” (I Cor 7,31). Procuremos, pois, viver de maneira que à hora de nossa morte não se nos possa dizer o que se disse ao néscio mencionado no Evangelho: “Insensato, nesta noite há de exigir de ti a entrega de tua alma; e as coisas que juntaste, para que serão?” (Lc 12,20). E logo acrescenta São Lucas: “Assim é que sucede a quem enriquece para si, e não é rico aos olhos de Deus” (Lc 12,21).
Mais adiante diz: “Procurai entesourar para o céu, onde não chegam os ladrões nem rói a traça” (Mt 6,20).
Façamos, pois todo o esforço para adquirir o grande tesouro do amor divino. “Que possui o rico, se não tem caridade? E se o pobre tem caridade, o que não possui?”, diz Santo Agostinho. Quem possui todas as riquezas, mas não possui a Deus, é o mais pobre do mundo. Mas o pobre que possui a Deus possui tudo... E quem é que possui a Deus? Aquele que o ama. “Quem, permanece na caridade, em Deus permanece, e Deus nele” (I Jo 4,16)
Não há diligência que não se efetue, nem tempo que não se aproveite para obter algum cargo, ganhar uma demanda, ou contratar tal casamento... Quantos conselhos, quantas precauções se tomam! Não se come, não se dorme!...E para alcançar a salvação eterna? O que se faz?
Nada se costuma fazer; ao contrário, tudo o que se faz é para perdê-la, e a maior parte dos cristãos vive como se a morte, o juízo, o inferno, a glória e a eternidade não fossem verdades de fé, mas apenas fábulas inventadas pelos poetas.
Quanta aflição quanto se perde um processo ou uma colheita e quanto cuidado para reparar o prejuízo!... Quando se extravia um cavalo ou um cão, quantas diligências para encontrá-los. Muitos perdem a graça de Deus, e entretanto dormem, riem e gracejam!...
“Mas vós, disse
Daí esta palavra de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Que dará o homem em troco de sua alma?” (Mt 16,26). Se tem tamanho valor a alma, qual o bem do mundo que poderá dar em troca o homem que a vem a perder?
Razão tinha São Filipe Neri em chamar de louco o homem que não trabalhava na salvação de sua alma. Se houvesse na terra homens mortais e homens imortais e aqueles vissem estes se aplicarem afanosamente às coisas do mundo, procurando honras, riquezas e prazeres terrenos, dizer-lhes-iam sem dúvida: « Quanto sois insensatos! Podeis adquirir bens eternos e só pensais nas coisas miseráveis e passageiras, condenando-vos a penas eternas na outra vida!... Deixai-os, pois, nesses bens s´´o devem pensar os desventurados que, como nós, sabem que tudo se acaba com a morte!... ». Isto, porém, não é assim: todos somos imortais...
A salvação eterna não é só o mais importante, senão o único negócio que nesta vida nos impende (Lc 10,42). “Que aproveita ao homem, disse o Senhor, ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? (Mt 16,26).
Se tu te salvas, meu irmão, nada importa que no mundo hajas sido pobre, perseguido e desprezado. Salvando-te, acabar-se-ão os males e serás feliz por toda a eternidade. Mas se te enganares e te perderes, de que te servirá no inferno haveres desfrutado de todos os prazeres do mundo, teres sido rico e cortejado? Perdida a alma, tudo está perdido: honras, divertimentos e riquezas.
Dirá Deus para ti no dia do Juízo, que coloquei-te neste mundo não para divertir-se, nem enriquecer, nem adquirir honras, senão para salvar sua alma, infelizmente a tudo tu atendeste, menos à salvação de tua alma!
Os mundanos não pensam no presente e nunca no futuro. Este é o único negócio, porque só temos uma alma. “Com receio e com tremor, trabalhai na vossa salvação” (Fl 2,12). Quem não receia nem teme perder-se não se salvará, porque para se salvar é preciso trabalhar e empregar violência (Mt 11,12).
Negócio importante, negócio único, negócio irreparável. Não há falta que se possa comparar, diz Santo Eusébio, ao desprezo da salvação eterna. Todos os demais erros podem ter remédio.
Perdido os bens, é possível readquirir outros por meio de novos trabalhos. Perdido um emprego, pode ser recuperado. Ainda no caso de perder a vida, se salvar a alma, tudo está preparado. Mas, para quem, se condena, não há possibilidade de remédio. Morre-se uma vez, e perdida uma vez a alma, está perdida para sempre.
Só restará o pranto eterno com os outros míseros insensatos do inferno, cuja pena e maior tormento consiste em pensar que para eles já não há mais tempo de remediar sua desdita (Jr 8,20). qual não seria o pesar daquele, que, tendo podido prevenir e evitar com pouco esforço a ruína de sua casa, a encontrasse um dia desabada, e só então considerasse seu descuido, quando não houvesse já remédio possível?
E se alguém objetar: Mesmo que cometa este pecado, porque ei de condenar-me?... Acaso, não poderei salvar-me? Responder-lhe-ei: Também pode ser que te condenes. Ainda direi que até há mais probabilidade em favor de tua condenação, porque a Sagrada Escritura ameaça com este tremendo castigo os pecadores obstinados, como tu o és neste instante. “Ai dos filhos que desertam!” (Is 30,1), diz o Senhor. “Ai daqueles que se afastam de mim” (Os 7,13).
E não pões ao menos, com esse pecado cometido, a tua salvação eterna em grande perigo e grande incerteza? E qual é esse negócio que assim se pode arriscar? Não se trata de uma casa, de uma cidade, de um emprego; trata-se, diz São João Crisóstomo, de padecer uma eternidade de tormentos e de perder um paraíso de delícias. E esse negócio, que tanto te deve importar, queres arriscá-lo por um “talvez”? Acaso, esperas que Deus aumente para ti suas luzes e suas graças depois que tu hajas aumentado ilimitadamente tuas faltas e pecados?
O dia da morte é chamado o dia da perda, porque perdermos as honras, as riquezas e os prazeres, enfim, todos os bens terrenos. Por esta razão diz Santo Ambrósio que não podemos chamar nossos, esses bens, porque não podemos levá-los conosco para o outro mundo; somente as virtudes nos acompanham para a eternidade.
“De que serve, pois, ganhar o mundo inteiro, se à hora da morte, perdendo a alma, tudo perde?”... Oh! Quantos jovens, penetrados desta grande máxima, resolveram entrar na clausura! Quantos anacoretas conduziu ao deserto! A quantos mártires moveu a dar a vida por Cristo!
Por meio destas máximas soube Santo Inácio de Loyola chamar para Deus inúmeras almas, entre elas a alma formosíssima de
É mister pesar os bens na balança de Deus e não na do mundo, que é falsa e enganadora (Os 12,7). Os bens do mundo são desprezíveis, não satisfazem e acabam depressa. “Meus dias passaram mais depressa que um correio; passaram como um navio...” (Jo 9,25)
Passam e fogem velozes os breves dias desta vida; e o que resta por fim dos prazeres terrenos? Passaram como navios. O navio não deixa vestígio de sua passagem (Sb 5,10).
“O tempo é breve...os que se servem do mundo, sejam como se dele não se servissem, porque a figura deste mundo passa...” (I Cor 7,31). Procuremos, pois, viver de maneira que à hora de nossa morte não se nos possa dizer o que se disse ao néscio mencionado no Evangelho: “Insensato, nesta noite há de exigir de ti a entrega de tua alma; e as coisas que juntaste, para que serão?” (Lc 12,20). E logo acrescenta São Lucas: “Assim é que sucede a quem enriquece para si, e não é rico aos olhos de Deus” (Lc 12,21).
Mais adiante diz: “Procurai entesourar para o céu, onde não chegam os ladrões nem rói a traça” (Mt 6,20).
Façamos, pois todo o esforço para adquirir o grande tesouro do amor divino. “Que possui o rico, se não tem caridade? E se o pobre tem caridade, o que não possui?”, diz Santo Agostinho. Quem possui todas as riquezas, mas não possui a Deus, é o mais pobre do mundo. Mas o pobre que possui a Deus possui tudo... E quem é que possui a Deus? Aquele que o ama. “Quem, permanece na caridade, em Deus permanece, e Deus nele” (I Jo 4,16)
Da vocação Religiosa - Santo Afonso Maria de Ligório
Doutor Zelosíssimo da Igreja
Da vocação Religiosa
« Levá-lo-ei ao deserto
e lhe falarei ao coração »
(Os 2,14)
Quanto importa seguir a vocação para a vida religiosa
“Na antiga Lei, os israelitas eram o povo eleito e querido de Deus, em oposição aos egípcios; e na Lei nova o mesmo se dá com os religiosos em relação aos seculares. Como os israelitas saíram do Egito, terra de trabalhos e escravidão, onde Deus não era conhecido; assim os religiosos saem do mundo, que paga seus servidores com amarguras e enfados, e onde Deus é pouco conhecido; assim os religiosos saem do mundo, que paga seus servidores com amarguras e enfados, e onde Deus é pouco conhecido. Assim como os israelitas, no deserto, foram guiados à terra da promissão por uma coluna de fogo, assim também os religiosos são conduzidos pela luz do Espírito Santo no caminho de sua vocação ao estado religioso, que muito se assemelha à terra prometida.
Notemos que o estado religioso é semelhante não só à terra prometida, que figurava o céu, mas ainda ao mesmo céu. Com efeito, no céu não há desejos das riquezas terrenas, nem dos prazeres dos sentidos, nem da própria vontade; e no estado religioso, os votos de pobreza, castidade e obediência fecham a porta a essas cobiças perniciosas.
No céu não há outra ocupação que louvar a Deus; e o mesmo se dá no estado religioso, onde tudo que se faz se refere ao louvor de Deus. No Céu, enfim, goza-se de uma paz contínua, porque os bem-aventurados encontram em Deus todos os bens; e no estado religioso, onde não se busca senão a Deus, encontra-se aquela paz que excede todas as delícias e satisfações que o mundo pode oferecer.
Depois do batismo, a vocação ao estado religioso é a maior graça que Deus pode fazer a uma criatura, razão por que se deve estimar o estado religioso mais que todas as grandezas e todos os reinos do mundo.
É verdade indiscutível que a nossa eterna salvação do estado. O Padre Granada chamava à eleição do estado a roda mestra da vida. Assim como nos relógios descentrada a roda mestra, anda mal todo o relógio; assim também no negócio da salvação.
Na eleição do estado, se queremos assegurar a salvação eterna, é mister que sigamos a vocação divina, pois só assim nos concede Deus o auxílio necessário para alcançar a bem-aventurança.
E esta asserção é corroborada por São Cipriano de Cartago que afirma: « A virtude do Espírito Santo não é dada segundo o nosso arbítrio, mas segundo a sua vontade ». Por isso diz São Paulo: “Cada um recebe de Deus o próprio dom” (I Cor 7,7). E isto quer dizer, como explica Cornélio a Lápide, que Deus talha a cada um a sua vocação e lhe assinala o estado em que o quer salvar.
Esta doutrina conforma-se perfeitamente com a ordem da predestinação descrita pelo mesmo Apóstolo: “E aos que predestinou, a esses também justificou” (Rm 8,30). Forçoso é admitir que o problema da vocação no mundo é pouco compreendido por alguns; parece-lhes que é o mesmo viver no estado por inclinação própria. É por esse motivo que tantos levam vida desordena e se condenam. É, porém, matéria que não sofre discussão: a eleição do estado é o ponto cardeal para a conquista da vida eterna. A vocação sucede a justificação, à justificação a glorificação, isto é a vida eterna. Quem altera esta ordem e desfaz esta cadeia, não se salvará! No meio de todas as fadigas e trabalhos a que se sujeitar, ouvirá sempre a voz de Santo Agostinho a lhe dizer: “Corres bem, mas fora do caminho”; quer dizer, não vai pelo caminho por onde Deus queria que fosses para alcançares a salvação.
O Senhor não aceita os sacrifícios que lhe são oferecidos segundo a vontade própria. Mas a Caim e seu presente não viu com bons olhos (Gn 4,5). Mais ainda: O Senhor comina severos castigos aqueles que voltam as costas aos seus chamamentos para seguirem os conselhos da própria inclinação.
Ai dos filhos rebeldes! Declara o Senhor. “Querem realizar um desígnio mas não o meu” (Is 30,1)
É que o chamamento a um estado de vida mais perfeito é graça especial e muito grande que Deus não faz a todas as almas; razão tem, pois, de se indignar contra quem o despreza. Não se sentiria ofendido um príncipe que, convidando um vassalo a servi-lo de mais perto, a ser seu privado, recebesse dele uma recusa? E Deus não se ressentirá? Ressente, sim, e ameaça, como se lê em Isaías (Is 45,9): “Ai daquele que litiga com o Criador”. A palavra Ai significa na Escritura perdição eterna. Começará já nesta vida o castigo do desobediente; viverá sempre inquieto, como diz Jó: “Quem se lhe opôs que se saísse ileso?” (Jo 9,4).
Ver-se-á, além disso, privado do auxílio abundante e eficaz para viver bem.
São do mesmo parecer São Bernardo, São Leão Magno e São Gregório Magno, escrevendo ao imperador Maurício, que por édito proibira que os soldados entrassem em religião, lhe disse desassombradamente que praticava uma injustiça, pois a muitos fechava as portas do paraíso, os quais no estado religioso se salvariam e ficando no século se perderiam.
É célebre o caso narrado pelo Padre Lancício. No colégio romano estava fazendo os exercícios espirituais um jovem de grande talento. Uma das perguntas que fez ao seu confessor foi se era pecado não corresponder à vocação religiosa. Respondeu-lhe o confessor que em si não era pecado grave, porque se tratava de um conselho e não de um preceito; mas que era por em grande perigo a salvação eterna, como acontecera a tantos que, por não ouvirem o chamamento de Deus, se condenaram. Assim o fez este jovem. Foi continuar seus estudos em Macerata, onde dentro em pouco, começou a deixar a oração e a comunhão, acabando por se entregar à vida desregrada. Não tardou muito que, ao sair da casa de uma mulher sem vergonha, fosse ferido de morte por um rival. Acorreram alguns sacerdotes, mas ele morreu, mesmo diante do colégio, antes que eles chegassem. Com essa circunstância quis Deus dar a conhecer que o castigo lhe adviera precisamente por ele ter desprezado sua vocação.
É notável também a visão que teve um noviço, ao qual como refere o Padre Pinamonti no tratado sobre A Vocação Triunfante – quando meditava sair da religião, Jesus Cristo se lhe mostrou indignado no seu trono e mando riscar o seu nome do livro da vida...
Ele, aterrado, resolveu permanecer na religião. E quantos outros exemplos semelhantes andam narrados nos livros? E quantos míseros jovens não veremos nós condenados no dia do Juízo, por não terem obedecido à sua vocação?
A estes tais, como a rebeldes às luzes divinas, segundo diz o Espírito Santo: “Eles formam parte dos rebeldes à luz, não conheceram os caminhos” (Jo 24,13), é justamente infligido o castigo de perderem a luz. Porque não quiseram caminhar pelo caminho que o Senhor lhes tinha marcado, e meteram pelo que lhes apontava a sua inclinação sem as luzes do Espírito Santo, perderam-se. Eu vos comunicarei o meu Espírito, isto é, a vocação, mas porque faltaram a ela, acrescenta Deus: Mas visto que vos chamei, e vós não quisestes ouvir-me, visto que estendi a minha mão e ninguém presta atenção; e tendes desprezado todos os meus conselhos e não quisestes a minha admoestação; também eu rirei do vosso infortúnio e zombarei quando sobrevier o espanto (Pr 1,23-26). Isto quer dizer que Deus não ouvirá a voz de quem desprezou a sua. Afirma Santo Agostinho: “Os que desprezaram a vontade de Deus que os convidava sentem a vontade de Deus que se vinga”.
Portanto, quando Deus chama ao estado mas perfeito, quem não quiser pôr em grande perigo a salvação eterna, tem que obedecer e sem demora. De outro modo, ouvirá de Jesus Cristo as reprovações e censuras que ouviu o jovem que, ao ser convidado a segui-Lo disse: “Seguir-te-ei Senhor; mas primeiro permite-me ir-me despedir dos de minha casa”. E Jesus respondeu-lhe que não estava talhado para o paraíso: “Ninguém que pôs a sua mão ao arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus” (Lc 9,62). As luzes de Deus são passageiras e não permanentes; donde veio a dizer São Tomás de Aquino que o chamamento divino para vida mais perfeita deve ser correspondido o mais depressa possível. Debate ele na sua Suma Teológica a questão se se deve entrar em religião sem ouvir o parecer de muitos e sem longa deliberação. E responde dizendo que o conselho e a deliberação são necessários nas coisas duvidosas, mas nesta não que é de certo boa, visto que a aconselhou o próprio Jesus no Evangelho; a vida religiosa é o compêndio dos conselhos de Jesus Cristo.
Caso bem estranho! A gente do mundo quando se trata de alguém que deseja entrar em religião para levar vida mais perfeita e mais segura nos perigos de se perder, dizem que tais resoluções necessitam muito tempo de deliberação antes de se porém em prática, para se certificar se a vocação vem de Deus e não do demônio. Mas já não falam assim, quando se trata de aceitar uma magistratura, um bispado, por exemplo, onde se correm tantos perigos de se perder. Então já não dizem que são precisas muitas precauções para se certificar se aquela é a verdadeira vocação de Deus. Não é esta a linguagem dos santos. São Tomás de Aquino diz que, ainda que a vocação religiosa viesse do demônio, deve abraçar-se como se abraça um bom conselho, mesmo que venha de um inimigo. E São João Crisóstomo, citado pelo mesmo Santo Doutor, afirma que Jesus Cristo quando chama, quer tal obediência de nós, que não demoremos um só instante em segui-Lo (Hom. 14 in Math).
E porque? Porque Deus, quanto mais se compraz em ver a prontidão com que é obedecido, tanto mais abre as mãos e enche de bênçãos a quem assim procede. Pelo contrário, quanto maior for a demora em acudir ao Seu chamamento, menor será a sua generosidade e mais se afastará com as suas luzes. De modo que o chamado dificilmente seguirá a sua vocação e facilmente a abandonará.
Tudo isto levou São João Crisóstomo a dizer que o demônio quando não consegue dissuadir alguém da resolução de se consagrar a Deus, procura ao menos fazer com que ele difira a execução e tem por grande ganho, quando obtêm a dilação de um dia, de uma hora, se alcança ao menos um breve adiamento (Hom. 56, ad pop. Ant.) É que depois de um dia, depois de uma hora, mudando as ocasiões, confia que lhe será menos difícil lograr mais tempo, confia que a alma enfraquecida e menos ajudada da graça ceda de todo e abandone a vocação.
Com estes adiamentos, a quantas almas chamadas por Deus não logrou o inimigo fazer perder a sua vocação! Por esse motivo aconselha São Jerônimo a quem é chamado a abandonar o mundo, nestes termos: “Apressai-vos, suplico-vos, e, em lugar de desatar as amarras que vos prendem ao fundo da barca, cortai-as” (Ad Paul.).
Quer o Santo dizer que, assim como quem se encontrasse preso num barco que estivesse a submergir-se trataria de cortar as amarras e não de as desatar; assim também, quem está no meio do mundo, deve procurar cortar o mais depressa possível os laços que a ele o prendem e unem, para fugir quanto antes do perigo de perder-se, que lá é tão fácil.
Vejamos o que escreve São Francisco de Sales nas suas obras acerca das vocações religiosas, porque tudo ajudará a corroborar o que levamos já dito e o que adiante acrescentaremos.
Para ter sinal seguro da verdadeira vocação, não é mister constância a firmeza que seja sensível, basta que essa constância e firmeza existam na parte superior do espírito; donde não se há de julgar como não verdadeira vocação se, quem foi chamado, antes de se desligar do mundo, deixou de experimentar aqueles afetos e consolações que experimentava ao princípio, chagando até a ver-se invadido de tal repugnância e arrefecimento, que o fazem às vezes vacilar e crer que tudo está perdido. Basta que a vontade fique firme e não abandonar o chamamento divino. Não é preciso mais do que a permanência certa da afeição à vocação religiosa.
Para saber se Deus quer que uma alma abrace a vida religiosa, não é preciso esperar que Ele próprio lhe fale ou mande do Céu um anjo anunciar-lhe a sua vontade. Nem, muito menos, é necessário que se submeta a um exame de dez doutores, para decidir se a vocação é para ser seguida ou não; o que importa é corresponder e cultivar o primeiro movimento de inspiração divina e não desanimar-se e aborrecer-se, se sobrevierem desgostos e arrefecimentos; procedendo assim, Deus se encarregará de que redunde tudo para Sua maior glória.
Não há porque preocupar-se como de onde parte a inspiração: O Senhor tem muitos meios de chamar os Seus servos. Umas vezes, serve-se de um sermão, outras da leitura de bons livros. A alguns chama-os quando ouvem a palavra do Evangelho, como vez a Santo Agostinho e a São Francisco de Assis.
Para com outros, serve-se das aflições e trabalhos que lhes traz o mundo, dando-lhes assim motivo para o deixarem. Ainda que venham para a vida religiosa desavindos com o mundo, nem por isso deixam de se entregar a Deus com franca devoção e vontade, e muitas vezes sucede que atingem mais alto grau de santidade que aqueles que vieram por vocação mais manifestada.
Conta o padre Pratti que um gentil homem montava um dia um belo e fogoso cavalo e procurava dar provas de bom cavaleiro, para agradar à dama a quem cortejava. Ora, sucedeu que numa dessas proezas de cavalaria foi cuspido do cavalo abaixo, caiu no lodo e levantou-se todo sujo e enlameado. Foi tal a sua confusão e vergonha, que naquele mesmo instante resolveu entrar na vida religiosa « ó mundo traidor, - disse ele de si para consigo, - tu fizeste pouco de mim, também eu vou fazer pouco de ti; fizeste-me uma partida, farte-ei outra; não voltarei a fazer as pazes contigo. Vou-te abandonar imediatamente e fazer-me religioso ». De fato entrou em religião e nela vive santamente.
Meios para conservar a Vocação
De modo que quem deseja obedecer à vocação divina, é preciso não só que se resolva a segui-la, mas também a segui-la sem demora e quanto antes para se não expor a perdê-la.
Supondo, porém, que circunstâncias especiais o obriguem a esperar, deve conservá-la com toda a diligência como a jóia mais preciosa que tivesse.
São três os meios para conservar a vocação:
Segrego, oração e recolhimento.
1º - Do Segredo
Antes de mais nada e de modo geral, é necessário guardar segredo para com todos a respeito da vocação, menos com o padre espiritual, visto que, ordinariamente, as pessoas do século não tem escrúpulo nem se coíbem de dizer aos pobres jovens, chamados ao estado religioso, que em toda parte, até no mundo se pode servir a Deus. O que é mais para estranhar é que semelhantes asserções saiam às vezes da boca de sacerdotes, e até de religiosos que, ou entraram em religião sem vocação ou não sabem o significado dessa palavra. É bem verdade que em todo lugar pode servir a Deus quem não é chamado para a vida religiosa; mas quem o é e quer ficar no mundo por seu capricho, dificilmente, como foi demonstrado acima, levará vida regrada e servirá a Deus.
De modo especial, é mister ocultar a vocação aos parentes. Já Lutero era de opinião, como refere Belarmino (Contr. 2 Tom. de manarch, cap. 36, nº 1), que os filhos pecavam entrando em religião sem consentimento de seus progenitores. Dava como fundamento que os filhos são obrigados a obedecer-lhes em tudo. Tal opinião tem sido comumente refutada pelos concílios e pelos Santos Padres.
O décimo Concílio de Toledo no último capítulo diz expressamente que é permitido aos filhos entrarem em religião, desde que tenham ultrapassado os anos da puberdade: "Aos pais será permitido negar aos seus filhos a licença para entrarem em religião até aos 14 anos de idade. Passados os 14 anos, poderão os filhos abraçar licitamente o estado religioso, quer por vontade de seus pais, quer por eleição espontânea".
O mesmo se prescreve no Concílio Tibutirno (can. 24). Esta é a doutrina de Santo Ambrósio, São Jerônimo, Santo Agostinho e São Bernardo. É assim que diz São Tomás e outros, servindo-se das palavras de São João Crisóstomo: "Quando os pais impedem o bem espiritual nem sequer se devem consultar" (Hom 84 - in Joan).
Não deixa de haver quem opine que, no caso de um filho chamado por Deus para o estado religioso poder fácil e seguramente obter o consentimento dos seus progenitores, sem correr o perigo de que eles lhe impeça a vocação, seria de aconselhar pedir-lhes a benção. Esta doutrina especulativamente sustentável, na prática acarreta ordinariamente perigos. É ponto que precisa de ser muito bem aclarado para tirar a alguns certos escrúpulos farisaicos. É doutrina assente que na eleição de estado os filhos não são obrigados a obedecer aos pais.
Assim o ensina comumente os doutores como São Tomás nos termos seguintes: Quando se trata de contrair matrimônio ou de guardar castidade ou de matéria semelhante, nem os criados são obrigados a obedecer aos amos, nem os filhos a seus pais.
No que toca ao estado conjugal, o padre Pinamonti no seu tratado sobre A Vocação Religiosa, é do parecer de Sanchez, de koning e de outros teólogos, os quais defendem que o filho é obrigado a pedir conselho a seus pais, pois que nesta matéria eles, sendo mais idosos, tem maiores experiências do que os jovens, e, em assuntos destas natureza, não se esquecem de que são pais.
Mas na questão da vocação religiosa, ajunta avisadamente o mencionado padre Pinamonti, que o filho não é de modo nenhum obrigado a tomar o conselho de seus pais, porque, neste assunto, eles não tem nenhuma experiência, e, por mal entendido interesse, se convertem comumente em inimigos. Como adverte ainda São Tomás ao falar expressadamente da vocação: Muitas vezes aos amigos segundo a carne opõe-se ao nosso proveito espiritual. (2. 2 qu.189 art. 10). Mas querem os pais que os filhos se condenem junto deles do que se salvem, tendo que os deixar seguir o chamamento de Deus. Este procedimento arrancou a São Bernardo a severa exclamação: Oh pai cruel e mãe desnaturada, cuja consolação é a morte do filho, que preferem que morra com eles a que reine sem eles. (Epist. III)
Deus, diz um grande autor, quando chama uma alma para a vida perfeita, quer que ela se esqueça de seu pai, e assim lho faz sentir: ouve, filha, olha; aplica o teu ouvido; esquece do teu povo e a casa paterna (Ps. 44,II). Com esta exortação, ajunta o citado autor, nos adverte portanto, o Senhor e no seguir da vocação religiosa, não tem que intervir o conselho dos pais. Aqui deixo as suas palavras textuais: Se Deus quer que uma alma que Ele chama para si esqueça os pais e a casa paterna, dá a entender com isso que essa alma, chamada por Ele para a religião, não deve fazer entrar o conselho de seus amigos carnais e parentes na execução de tal vocação. (In S.Th. 9,189).
São Cirilo, ao explicar a advertência de Jesus Cristo ao jovem do Evangelho: Ninguém que meteu a mão ao arado e olha para trás está talhado para o reino do Céu (Lc 9,62), afirma que quem está à espera de tempo para cuvir o parecer de seus parentes acerca da sua vocação, esse é precisamente aquele que Senhor declara inapto para o Céu: Olha para trás quem procura dilação para ter oportunidade de consultar os parentes. Nisto se funda São Tomás quando adverte aos chamados para a vida religiosa que se precavenham de se aconselharem com os seus parentes sobre a vocação. Dá consulta esse assunto, em primeiro lugar, se deve afastar os parentes.
Aconselha-se que se discutam os nossos interesses com os amigos. Ora, os parentes, neste caso, não são amigos, mas antes inimigos segundo a asserção do Senhor: Os inimigos do homem são os parentes.
Se para seguir a vocação seria grande perigo pedir conselho aos pais, esse perigo subiria de ponto se se espera-se obter a sua licença quando se tentasse alcançá-la, porque tal diligência não poderá fazer-se sem correr o risco de perder a vocação, no caso de se prever que eles se empenhem em pedi-la.
E a verdade é que os Santos quando foram chamados a deixar o mundo, partiram de suas casas sem o comunicar aos seus pais. Assim o fizeram São Tomás de Aquino, São Francisco Xavier, São Felipe Neri, São Luis Beltrão. E sabemos que o Senhor aprovou estas fugas gloriosas.
São Pedro de Alcântara, fugiu a sua mãe, debaixo cuja obediência ficara depois da morte de seu pai, para entrar num mosteiro. Tendo que atravessar um rio encomendou-se a Deus e de repente viu-se transportado para outra margem.
De igual modo Santo Estanislau Kostka, tendo fugido de casa paterna, o irmão partiu de carroça em sua perseguição. Quando estava próximo a alcançá-lo, os cavalos estacaram e, por mais que o chicotassem, não conseguiram que eles dessem um passo em frente. Voltados que foram em direção à cidade, partiram à desfilada.
A beata Orinja de Valdarno na Toscana, prometida por seu pai como esposa a um jovem, fugiu também da casa de seus pais. No seu caminho teve de atravessar o rio Arno. Chegada que foi diante dele, fez uma breve oração; viu separarem-se as água diante dela, formarem-se como dois muros de Cristal, entre os quais pode passar a pé enxuto.
Por conseguinte, irmão caríssimo, se Deus nos convida a deixar o mundo, tende muito cuidado de não dar a conhecer a vossa resolução a vossos pais. Contentai-vos com ser abençoados por Deus e procurai pô-la em execução, o mais previamente que puderes, sem que eles, o saiba, se não o quereis expor-vos ao perigo de perder a vossa vocação.
Como já salientamos, ordinariamente, os parentes, e até mesmos os pais contraíram a execução do chamamento para a vida religiosa. Chega a suceder, que pais, aliás tementes a Deus e piedosos, se deixam cegar pelo interesse e a paixão a ponto de não terem escrúpulo de impedir, sob vários pretextos e por todos os meios, a vocação dos filhos.
Lê-se na vida do padre Paulo Segneri Junior e sua mãe, senhora de muita oração, não deixou pedra por mover para obstar à vocação religiosa de seu filho.
O mesmo fato se refere na vida de Monsenhor Cavalieri, bispo de Tróia, cujo pai, ainda que senhor de muita piedade, tentou por todos os modos impedir que seu filho entrasse (como de fato entrou) na Congregação dos pios operários, indo ao ponto de instaurar um processo no Tribunal Eclesiástico.
E quantos outros pais e mães, apesar de serem pessoas devotas e de oração ao tratar-se da vocação de seus filhos se transformam como se tivessem possessas do demônio!
É que o inferno para nenhuma outra se arma de ponto em branco, como para impedir a entrada na vida religiosa aqueles que para ela são chamados.
Por isso, repito, tende muito cuidado em não comunicar a vossa vocação aos amigos, os quais não terão escrúpulos, se não de vos aconselhar, ao menos de publicar, o segredo, de modo que os vossos facilmente chegaram aos conhecimento de vossos intentos.
2º- Da oração
Em segundo lugar, é preciso não esquecer que a vocação religiosa apenas por meio da oração se pode conservar.
Quem largar a oração, largará também certamente a vocação. É negócio que requer oração. Por isso, quem se sente chamado por Deus para a vida mais perfeita, nunca deixe de fazer uma hora de oração pela manhã, ou ao menos, meia hora em casa ou na igreja se em casa não puder ter o recolhimento preciso; e outra meia hora antes de se recolher. Não omita de modo nenhum a visita diária ao santíssimo Sacramento e a Maria Santíssima para obter a perseverança na vocação. Comungue três ou, ao menos, duas vezes por semana. O ponto na meditação seja quase sempre a vocação, considerando como fui grande a graça que Deus lhe fez chamando, quanto assegura mais a salvação eterna, se lhe obedecer com fidelidade; em que perigo se põe, pelo contrário, se lhes não obedece. Ponha muito especialmente diante dos olhos a hora da morte, e considera a alegria e a satisfação que então sentirá de ter ouvido a voz de Deus e a pena e remorsos que o hão de torturar, se acabar seus dias no século. Com este propósito ajuntaremos no fim algumas considerações sobre as quais se poderá fazer a oração mental.
Necessário é, por tanto, que todas as orações feitas a Jesus e a Maria, muito principalmente depois da comunhão e durante a visita ao Santíssimo, tenham por fim alcançar a santa perseverança. Quer na oração, quer na comunhão, renovai sempre a doação de vós mesmos a Deus, com essa fórmula: Eis me aqui, Senhor, já não sou meu, sou vosso. Já me entreguei a Vós, a Vós de novo me torno a entregar. Aceitai-me e dai-me força para Vos ser fiel e para me retirar quanto antes para a vossa santa casa.
3º- Do Recolhimento
Em terceiro lugar é necessário o recolhimento e este não se pode ter sem nos retirarmos do trato e divertimentos mundanos. Que é que nos pode enquanto estamos no século, fazer perder a vocação? Um nada. Bastará um dia de diversões: o embuste de um amigo, uma paixão mal dominada, uma afeição desordenada, um temor vão, uma tristeza não vencida. Tudo isto bastará, repito para fazer perder a resolução tomada de retirar-se do mundo e dar-se todo a Deus. Por isso, impõe-se a necessidade de um recolhimento total de um desprendimento de tudo o quanto seja o mundo.
Neste tempo outra não deve ser a vossa ocupação que a oração, a freqüência dos Sacramentos, a casa e a igreja. Quem assim não proceder e se entregar a passa tempos e diversões, tem que se convencer de que perderá a vocação. Ficará com remorsos de a não ter seguido, mas de certo a não seguirá. Quantos por desprezarem este conselho - de se entregar ao recolhimento - perderam a vocação e com ela a alma.Fonte: A vocação Religiosa, Estimulo a um religioso para o avançar na perfeição de seu estado - por - Santificado Santo Afonso Maria de Ligório
“Na antiga Lei, os israelitas eram o povo eleito e querido de Deus, em oposição aos egípcios; e na Lei nova o mesmo se dá com os religiosos em relação aos seculares. Como os israelitas saíram do Egito, terra de trabalhos e escravidão, onde Deus não era conhecido; assim os religiosos saem do mundo, que paga seus servidores com amarguras e enfados, e onde Deus é pouco conhecido; assim os religiosos saem do mundo, que paga seus servidores com amarguras e enfados, e onde Deus é pouco conhecido. Assim como os israelitas, no deserto, foram guiados à terra da promissão por uma coluna de fogo, assim também os religiosos são conduzidos pela luz do Espírito Santo no caminho de sua vocação ao estado religioso, que muito se assemelha à terra prometida.
Notemos que o estado religioso é semelhante não só à terra prometida, que figurava o céu, mas ainda ao mesmo céu. Com efeito, no céu não há desejos das riquezas terrenas, nem dos prazeres dos sentidos, nem da própria vontade; e no estado religioso, os votos de pobreza, castidade e obediência fecham a porta a essas cobiças perniciosas.
No céu não há outra ocupação que louvar a Deus; e o mesmo se dá no estado religioso, onde tudo que se faz se refere ao louvor de Deus. No Céu, enfim, goza-se de uma paz contínua, porque os bem-aventurados encontram em Deus todos os bens; e no estado religioso, onde não se busca senão a Deus, encontra-se aquela paz que excede todas as delícias e satisfações que o mundo pode oferecer.
Depois do batismo, a vocação ao estado religioso é a maior graça que Deus pode fazer a uma criatura, razão por que se deve estimar o estado religioso mais que todas as grandezas e todos os reinos do mundo.
É verdade indiscutível que a nossa eterna salvação do estado. O Padre Granada chamava à eleição do estado a roda mestra da vida. Assim como nos relógios descentrada a roda mestra, anda mal todo o relógio; assim também no negócio da salvação.
Na eleição do estado, se queremos assegurar a salvação eterna, é mister que sigamos a vocação divina, pois só assim nos concede Deus o auxílio necessário para alcançar a bem-aventurança.
E esta asserção é corroborada por São Cipriano de Cartago que afirma: « A virtude do Espírito Santo não é dada segundo o nosso arbítrio, mas segundo a sua vontade ». Por isso diz São Paulo: “Cada um recebe de Deus o próprio dom” (I Cor 7,7). E isto quer dizer, como explica Cornélio a Lápide, que Deus talha a cada um a sua vocação e lhe assinala o estado em que o quer salvar.
Esta doutrina conforma-se perfeitamente com a ordem da predestinação descrita pelo mesmo Apóstolo: “E aos que predestinou, a esses também justificou” (Rm 8,30). Forçoso é admitir que o problema da vocação no mundo é pouco compreendido por alguns; parece-lhes que é o mesmo viver no estado por inclinação própria. É por esse motivo que tantos levam vida desordena e se condenam. É, porém, matéria que não sofre discussão: a eleição do estado é o ponto cardeal para a conquista da vida eterna. A vocação sucede a justificação, à justificação a glorificação, isto é a vida eterna. Quem altera esta ordem e desfaz esta cadeia, não se salvará! No meio de todas as fadigas e trabalhos a que se sujeitar, ouvirá sempre a voz de Santo Agostinho a lhe dizer: “Corres bem, mas fora do caminho”; quer dizer, não vai pelo caminho por onde Deus queria que fosses para alcançares a salvação.
O Senhor não aceita os sacrifícios que lhe são oferecidos segundo a vontade própria. Mas a Caim e seu presente não viu com bons olhos (Gn 4,5). Mais ainda: O Senhor comina severos castigos aqueles que voltam as costas aos seus chamamentos para seguirem os conselhos da própria inclinação.
Ai dos filhos rebeldes! Declara o Senhor. “Querem realizar um desígnio mas não o meu” (Is 30,1)
É que o chamamento a um estado de vida mais perfeito é graça especial e muito grande que Deus não faz a todas as almas; razão tem, pois, de se indignar contra quem o despreza. Não se sentiria ofendido um príncipe que, convidando um vassalo a servi-lo de mais perto, a ser seu privado, recebesse dele uma recusa? E Deus não se ressentirá? Ressente, sim, e ameaça, como se lê em Isaías (Is 45,9): “Ai daquele que litiga com o Criador”. A palavra Ai significa na Escritura perdição eterna. Começará já nesta vida o castigo do desobediente; viverá sempre inquieto, como diz Jó: “Quem se lhe opôs que se saísse ileso?” (Jo 9,4).
Ver-se-á, além disso, privado do auxílio abundante e eficaz para viver bem.
São do mesmo parecer São Bernardo, São Leão Magno e São Gregório Magno, escrevendo ao imperador Maurício, que por édito proibira que os soldados entrassem em religião, lhe disse desassombradamente que praticava uma injustiça, pois a muitos fechava as portas do paraíso, os quais no estado religioso se salvariam e ficando no século se perderiam.
É célebre o caso narrado pelo Padre Lancício. No colégio romano estava fazendo os exercícios espirituais um jovem de grande talento. Uma das perguntas que fez ao seu confessor foi se era pecado não corresponder à vocação religiosa. Respondeu-lhe o confessor que em si não era pecado grave, porque se tratava de um conselho e não de um preceito; mas que era por em grande perigo a salvação eterna, como acontecera a tantos que, por não ouvirem o chamamento de Deus, se condenaram. Assim o fez este jovem. Foi continuar seus estudos em Macerata, onde dentro em pouco, começou a deixar a oração e a comunhão, acabando por se entregar à vida desregrada. Não tardou muito que, ao sair da casa de uma mulher sem vergonha, fosse ferido de morte por um rival. Acorreram alguns sacerdotes, mas ele morreu, mesmo diante do colégio, antes que eles chegassem. Com essa circunstância quis Deus dar a conhecer que o castigo lhe adviera precisamente por ele ter desprezado sua vocação.
É notável também a visão que teve um noviço, ao qual como refere o Padre Pinamonti no tratado sobre A Vocação Triunfante – quando meditava sair da religião, Jesus Cristo se lhe mostrou indignado no seu trono e mando riscar o seu nome do livro da vida...
Ele, aterrado, resolveu permanecer na religião. E quantos outros exemplos semelhantes andam narrados nos livros? E quantos míseros jovens não veremos nós condenados no dia do Juízo, por não terem obedecido à sua vocação?
A estes tais, como a rebeldes às luzes divinas, segundo diz o Espírito Santo: “Eles formam parte dos rebeldes à luz, não conheceram os caminhos” (Jo 24,13), é justamente infligido o castigo de perderem a luz. Porque não quiseram caminhar pelo caminho que o Senhor lhes tinha marcado, e meteram pelo que lhes apontava a sua inclinação sem as luzes do Espírito Santo, perderam-se. Eu vos comunicarei o meu Espírito, isto é, a vocação, mas porque faltaram a ela, acrescenta Deus: Mas visto que vos chamei, e vós não quisestes ouvir-me, visto que estendi a minha mão e ninguém presta atenção; e tendes desprezado todos os meus conselhos e não quisestes a minha admoestação; também eu rirei do vosso infortúnio e zombarei quando sobrevier o espanto (Pr 1,23-26). Isto quer dizer que Deus não ouvirá a voz de quem desprezou a sua. Afirma Santo Agostinho: “Os que desprezaram a vontade de Deus que os convidava sentem a vontade de Deus que se vinga”.
Portanto, quando Deus chama ao estado mas perfeito, quem não quiser pôr em grande perigo a salvação eterna, tem que obedecer e sem demora. De outro modo, ouvirá de Jesus Cristo as reprovações e censuras que ouviu o jovem que, ao ser convidado a segui-Lo disse: “Seguir-te-ei Senhor; mas primeiro permite-me ir-me despedir dos de minha casa”. E Jesus respondeu-lhe que não estava talhado para o paraíso: “Ninguém que pôs a sua mão ao arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus” (Lc 9,62). As luzes de Deus são passageiras e não permanentes; donde veio a dizer São Tomás de Aquino que o chamamento divino para vida mais perfeita deve ser correspondido o mais depressa possível. Debate ele na sua Suma Teológica a questão se se deve entrar em religião sem ouvir o parecer de muitos e sem longa deliberação. E responde dizendo que o conselho e a deliberação são necessários nas coisas duvidosas, mas nesta não que é de certo boa, visto que a aconselhou o próprio Jesus no Evangelho; a vida religiosa é o compêndio dos conselhos de Jesus Cristo.
Caso bem estranho! A gente do mundo quando se trata de alguém que deseja entrar em religião para levar vida mais perfeita e mais segura nos perigos de se perder, dizem que tais resoluções necessitam muito tempo de deliberação antes de se porém em prática, para se certificar se a vocação vem de Deus e não do demônio. Mas já não falam assim, quando se trata de aceitar uma magistratura, um bispado, por exemplo, onde se correm tantos perigos de se perder. Então já não dizem que são precisas muitas precauções para se certificar se aquela é a verdadeira vocação de Deus. Não é esta a linguagem dos santos. São Tomás de Aquino diz que, ainda que a vocação religiosa viesse do demônio, deve abraçar-se como se abraça um bom conselho, mesmo que venha de um inimigo. E São João Crisóstomo, citado pelo mesmo Santo Doutor, afirma que Jesus Cristo quando chama, quer tal obediência de nós, que não demoremos um só instante em segui-Lo (Hom. 14 in Math).
E porque? Porque Deus, quanto mais se compraz em ver a prontidão com que é obedecido, tanto mais abre as mãos e enche de bênçãos a quem assim procede. Pelo contrário, quanto maior for a demora em acudir ao Seu chamamento, menor será a sua generosidade e mais se afastará com as suas luzes. De modo que o chamado dificilmente seguirá a sua vocação e facilmente a abandonará.
Tudo isto levou São João Crisóstomo a dizer que o demônio quando não consegue dissuadir alguém da resolução de se consagrar a Deus, procura ao menos fazer com que ele difira a execução e tem por grande ganho, quando obtêm a dilação de um dia, de uma hora, se alcança ao menos um breve adiamento (Hom. 56, ad pop. Ant.) É que depois de um dia, depois de uma hora, mudando as ocasiões, confia que lhe será menos difícil lograr mais tempo, confia que a alma enfraquecida e menos ajudada da graça ceda de todo e abandone a vocação.
Com estes adiamentos, a quantas almas chamadas por Deus não logrou o inimigo fazer perder a sua vocação! Por esse motivo aconselha São Jerônimo a quem é chamado a abandonar o mundo, nestes termos: “Apressai-vos, suplico-vos, e, em lugar de desatar as amarras que vos prendem ao fundo da barca, cortai-as” (Ad Paul.).
Quer o Santo dizer que, assim como quem se encontrasse preso num barco que estivesse a submergir-se trataria de cortar as amarras e não de as desatar; assim também, quem está no meio do mundo, deve procurar cortar o mais depressa possível os laços que a ele o prendem e unem, para fugir quanto antes do perigo de perder-se, que lá é tão fácil.
Vejamos o que escreve São Francisco de Sales nas suas obras acerca das vocações religiosas, porque tudo ajudará a corroborar o que levamos já dito e o que adiante acrescentaremos.
Para ter sinal seguro da verdadeira vocação, não é mister constância a firmeza que seja sensível, basta que essa constância e firmeza existam na parte superior do espírito; donde não se há de julgar como não verdadeira vocação se, quem foi chamado, antes de se desligar do mundo, deixou de experimentar aqueles afetos e consolações que experimentava ao princípio, chagando até a ver-se invadido de tal repugnância e arrefecimento, que o fazem às vezes vacilar e crer que tudo está perdido. Basta que a vontade fique firme e não abandonar o chamamento divino. Não é preciso mais do que a permanência certa da afeição à vocação religiosa.
Para saber se Deus quer que uma alma abrace a vida religiosa, não é preciso esperar que Ele próprio lhe fale ou mande do Céu um anjo anunciar-lhe a sua vontade. Nem, muito menos, é necessário que se submeta a um exame de dez doutores, para decidir se a vocação é para ser seguida ou não; o que importa é corresponder e cultivar o primeiro movimento de inspiração divina e não desanimar-se e aborrecer-se, se sobrevierem desgostos e arrefecimentos; procedendo assim, Deus se encarregará de que redunde tudo para Sua maior glória.
Não há porque preocupar-se como de onde parte a inspiração: O Senhor tem muitos meios de chamar os Seus servos. Umas vezes, serve-se de um sermão, outras da leitura de bons livros. A alguns chama-os quando ouvem a palavra do Evangelho, como vez a Santo Agostinho e a São Francisco de Assis.
Para com outros, serve-se das aflições e trabalhos que lhes traz o mundo, dando-lhes assim motivo para o deixarem. Ainda que venham para a vida religiosa desavindos com o mundo, nem por isso deixam de se entregar a Deus com franca devoção e vontade, e muitas vezes sucede que atingem mais alto grau de santidade que aqueles que vieram por vocação mais manifestada.
Conta o padre Pratti que um gentil homem montava um dia um belo e fogoso cavalo e procurava dar provas de bom cavaleiro, para agradar à dama a quem cortejava. Ora, sucedeu que numa dessas proezas de cavalaria foi cuspido do cavalo abaixo, caiu no lodo e levantou-se todo sujo e enlameado. Foi tal a sua confusão e vergonha, que naquele mesmo instante resolveu entrar na vida religiosa « ó mundo traidor, - disse ele de si para consigo, - tu fizeste pouco de mim, também eu vou fazer pouco de ti; fizeste-me uma partida, farte-ei outra; não voltarei a fazer as pazes contigo. Vou-te abandonar imediatamente e fazer-me religioso ». De fato entrou em religião e nela vive santamente.
Meios para conservar a Vocação
De modo que quem deseja obedecer à vocação divina, é preciso não só que se resolva a segui-la, mas também a segui-la sem demora e quanto antes para se não expor a perdê-la.
Supondo, porém, que circunstâncias especiais o obriguem a esperar, deve conservá-la com toda a diligência como a jóia mais preciosa que tivesse.
São três os meios para conservar a vocação:
Segrego, oração e recolhimento.
1º - Do Segredo
Antes de mais nada e de modo geral, é necessário guardar segredo para com todos a respeito da vocação, menos com o padre espiritual, visto que, ordinariamente, as pessoas do século não tem escrúpulo nem se coíbem de dizer aos pobres jovens, chamados ao estado religioso, que em toda parte, até no mundo se pode servir a Deus. O que é mais para estranhar é que semelhantes asserções saiam às vezes da boca de sacerdotes, e até de religiosos que, ou entraram em religião sem vocação ou não sabem o significado dessa palavra. É bem verdade que em todo lugar pode servir a Deus quem não é chamado para a vida religiosa; mas quem o é e quer ficar no mundo por seu capricho, dificilmente, como foi demonstrado acima, levará vida regrada e servirá a Deus.
De modo especial, é mister ocultar a vocação aos parentes. Já Lutero era de opinião, como refere Belarmino (Contr. 2 Tom. de manarch, cap. 36, nº 1), que os filhos pecavam entrando em religião sem consentimento de seus progenitores. Dava como fundamento que os filhos são obrigados a obedecer-lhes em tudo. Tal opinião tem sido comumente refutada pelos concílios e pelos Santos Padres.
O décimo Concílio de Toledo no último capítulo diz expressamente que é permitido aos filhos entrarem em religião, desde que tenham ultrapassado os anos da puberdade: "Aos pais será permitido negar aos seus filhos a licença para entrarem em religião até aos 14 anos de idade. Passados os 14 anos, poderão os filhos abraçar licitamente o estado religioso, quer por vontade de seus pais, quer por eleição espontânea".
O mesmo se prescreve no Concílio Tibutirno (can. 24). Esta é a doutrina de Santo Ambrósio, São Jerônimo, Santo Agostinho e São Bernardo. É assim que diz São Tomás e outros, servindo-se das palavras de São João Crisóstomo: "Quando os pais impedem o bem espiritual nem sequer se devem consultar" (Hom 84 - in Joan).
Não deixa de haver quem opine que, no caso de um filho chamado por Deus para o estado religioso poder fácil e seguramente obter o consentimento dos seus progenitores, sem correr o perigo de que eles lhe impeça a vocação, seria de aconselhar pedir-lhes a benção. Esta doutrina especulativamente sustentável, na prática acarreta ordinariamente perigos. É ponto que precisa de ser muito bem aclarado para tirar a alguns certos escrúpulos farisaicos. É doutrina assente que na eleição de estado os filhos não são obrigados a obedecer aos pais.
Assim o ensina comumente os doutores como São Tomás nos termos seguintes: Quando se trata de contrair matrimônio ou de guardar castidade ou de matéria semelhante, nem os criados são obrigados a obedecer aos amos, nem os filhos a seus pais.
No que toca ao estado conjugal, o padre Pinamonti no seu tratado sobre A Vocação Religiosa, é do parecer de Sanchez, de koning e de outros teólogos, os quais defendem que o filho é obrigado a pedir conselho a seus pais, pois que nesta matéria eles, sendo mais idosos, tem maiores experiências do que os jovens, e, em assuntos destas natureza, não se esquecem de que são pais.
Mas na questão da vocação religiosa, ajunta avisadamente o mencionado padre Pinamonti, que o filho não é de modo nenhum obrigado a tomar o conselho de seus pais, porque, neste assunto, eles não tem nenhuma experiência, e, por mal entendido interesse, se convertem comumente em inimigos. Como adverte ainda São Tomás ao falar expressadamente da vocação: Muitas vezes aos amigos segundo a carne opõe-se ao nosso proveito espiritual. (2. 2 qu.189 art. 10). Mas querem os pais que os filhos se condenem junto deles do que se salvem, tendo que os deixar seguir o chamamento de Deus. Este procedimento arrancou a São Bernardo a severa exclamação: Oh pai cruel e mãe desnaturada, cuja consolação é a morte do filho, que preferem que morra com eles a que reine sem eles. (Epist. III)
Deus, diz um grande autor, quando chama uma alma para a vida perfeita, quer que ela se esqueça de seu pai, e assim lho faz sentir: ouve, filha, olha; aplica o teu ouvido; esquece do teu povo e a casa paterna (Ps. 44,II). Com esta exortação, ajunta o citado autor, nos adverte portanto, o Senhor e no seguir da vocação religiosa, não tem que intervir o conselho dos pais. Aqui deixo as suas palavras textuais: Se Deus quer que uma alma que Ele chama para si esqueça os pais e a casa paterna, dá a entender com isso que essa alma, chamada por Ele para a religião, não deve fazer entrar o conselho de seus amigos carnais e parentes na execução de tal vocação. (In S.Th. 9,189).
São Cirilo, ao explicar a advertência de Jesus Cristo ao jovem do Evangelho: Ninguém que meteu a mão ao arado e olha para trás está talhado para o reino do Céu (Lc 9,62), afirma que quem está à espera de tempo para cuvir o parecer de seus parentes acerca da sua vocação, esse é precisamente aquele que Senhor declara inapto para o Céu: Olha para trás quem procura dilação para ter oportunidade de consultar os parentes. Nisto se funda São Tomás quando adverte aos chamados para a vida religiosa que se precavenham de se aconselharem com os seus parentes sobre a vocação. Dá consulta esse assunto, em primeiro lugar, se deve afastar os parentes.
Aconselha-se que se discutam os nossos interesses com os amigos. Ora, os parentes, neste caso, não são amigos, mas antes inimigos segundo a asserção do Senhor: Os inimigos do homem são os parentes.
Se para seguir a vocação seria grande perigo pedir conselho aos pais, esse perigo subiria de ponto se se espera-se obter a sua licença quando se tentasse alcançá-la, porque tal diligência não poderá fazer-se sem correr o risco de perder a vocação, no caso de se prever que eles se empenhem em pedi-la.
E a verdade é que os Santos quando foram chamados a deixar o mundo, partiram de suas casas sem o comunicar aos seus pais. Assim o fizeram São Tomás de Aquino, São Francisco Xavier, São Felipe Neri, São Luis Beltrão. E sabemos que o Senhor aprovou estas fugas gloriosas.
São Pedro de Alcântara, fugiu a sua mãe, debaixo cuja obediência ficara depois da morte de seu pai, para entrar num mosteiro. Tendo que atravessar um rio encomendou-se a Deus e de repente viu-se transportado para outra margem.
De igual modo Santo Estanislau Kostka, tendo fugido de casa paterna, o irmão partiu de carroça em sua perseguição. Quando estava próximo a alcançá-lo, os cavalos estacaram e, por mais que o chicotassem, não conseguiram que eles dessem um passo em frente. Voltados que foram em direção à cidade, partiram à desfilada.
A beata Orinja de Valdarno na Toscana, prometida por seu pai como esposa a um jovem, fugiu também da casa de seus pais. No seu caminho teve de atravessar o rio Arno. Chegada que foi diante dele, fez uma breve oração; viu separarem-se as água diante dela, formarem-se como dois muros de Cristal, entre os quais pode passar a pé enxuto.
Por conseguinte, irmão caríssimo, se Deus nos convida a deixar o mundo, tende muito cuidado de não dar a conhecer a vossa resolução a vossos pais. Contentai-vos com ser abençoados por Deus e procurai pô-la em execução, o mais previamente que puderes, sem que eles, o saiba, se não o quereis expor-vos ao perigo de perder a vossa vocação.
Como já salientamos, ordinariamente, os parentes, e até mesmos os pais contraíram a execução do chamamento para a vida religiosa. Chega a suceder, que pais, aliás tementes a Deus e piedosos, se deixam cegar pelo interesse e a paixão a ponto de não terem escrúpulo de impedir, sob vários pretextos e por todos os meios, a vocação dos filhos.
Lê-se na vida do padre Paulo Segneri Junior e sua mãe, senhora de muita oração, não deixou pedra por mover para obstar à vocação religiosa de seu filho.
O mesmo fato se refere na vida de Monsenhor Cavalieri, bispo de Tróia, cujo pai, ainda que senhor de muita piedade, tentou por todos os modos impedir que seu filho entrasse (como de fato entrou) na Congregação dos pios operários, indo ao ponto de instaurar um processo no Tribunal Eclesiástico.
E quantos outros pais e mães, apesar de serem pessoas devotas e de oração ao tratar-se da vocação de seus filhos se transformam como se tivessem possessas do demônio!
É que o inferno para nenhuma outra se arma de ponto em branco, como para impedir a entrada na vida religiosa aqueles que para ela são chamados.
Por isso, repito, tende muito cuidado em não comunicar a vossa vocação aos amigos, os quais não terão escrúpulos, se não de vos aconselhar, ao menos de publicar, o segredo, de modo que os vossos facilmente chegaram aos conhecimento de vossos intentos.
2º- Da oração
Em segundo lugar, é preciso não esquecer que a vocação religiosa apenas por meio da oração se pode conservar.
Quem largar a oração, largará também certamente a vocação. É negócio que requer oração. Por isso, quem se sente chamado por Deus para a vida mais perfeita, nunca deixe de fazer uma hora de oração pela manhã, ou ao menos, meia hora em casa ou na igreja se em casa não puder ter o recolhimento preciso; e outra meia hora antes de se recolher. Não omita de modo nenhum a visita diária ao santíssimo Sacramento e a Maria Santíssima para obter a perseverança na vocação. Comungue três ou, ao menos, duas vezes por semana. O ponto na meditação seja quase sempre a vocação, considerando como fui grande a graça que Deus lhe fez chamando, quanto assegura mais a salvação eterna, se lhe obedecer com fidelidade; em que perigo se põe, pelo contrário, se lhes não obedece. Ponha muito especialmente diante dos olhos a hora da morte, e considera a alegria e a satisfação que então sentirá de ter ouvido a voz de Deus e a pena e remorsos que o hão de torturar, se acabar seus dias no século. Com este propósito ajuntaremos no fim algumas considerações sobre as quais se poderá fazer a oração mental.
Necessário é, por tanto, que todas as orações feitas a Jesus e a Maria, muito principalmente depois da comunhão e durante a visita ao Santíssimo, tenham por fim alcançar a santa perseverança. Quer na oração, quer na comunhão, renovai sempre a doação de vós mesmos a Deus, com essa fórmula: Eis me aqui, Senhor, já não sou meu, sou vosso. Já me entreguei a Vós, a Vós de novo me torno a entregar. Aceitai-me e dai-me força para Vos ser fiel e para me retirar quanto antes para a vossa santa casa.
3º- Do Recolhimento
Em terceiro lugar é necessário o recolhimento e este não se pode ter sem nos retirarmos do trato e divertimentos mundanos. Que é que nos pode enquanto estamos no século, fazer perder a vocação? Um nada. Bastará um dia de diversões: o embuste de um amigo, uma paixão mal dominada, uma afeição desordenada, um temor vão, uma tristeza não vencida. Tudo isto bastará, repito para fazer perder a resolução tomada de retirar-se do mundo e dar-se todo a Deus. Por isso, impõe-se a necessidade de um recolhimento total de um desprendimento de tudo o quanto seja o mundo.
Neste tempo outra não deve ser a vossa ocupação que a oração, a freqüência dos Sacramentos, a casa e a igreja. Quem assim não proceder e se entregar a passa tempos e diversões, tem que se convencer de que perderá a vocação. Ficará com remorsos de a não ter seguido, mas de certo a não seguirá. Quantos por desprezarem este conselho - de se entregar ao recolhimento - perderam a vocação e com ela a alma.Fonte: A vocação Religiosa, Estimulo a um religioso para o avançar na perfeição de seu estado - por - Santificado Santo Afonso Maria de Ligório
Revelação dos Sofrimentos Secretos de Nosso Senhor Jesus Cristo em Sua Paixão - nas Aparições de Jacareí
Dia 01/04/94 Sexta feira Santa
“Meus queridos filhos, hoje venho para revelar o 'mar de sofrimentos' que o Meu Filho padeceu por AMOR a vocês...
Meu filho, escreva tudo o que Eu lhe revelar... Sinta Comigo a Angústia Extrema do Coração de Jesus em Sua Paixão...
Arrependa-se dos seus pecados... Volte a DEUS, e diga a humanidade que faca o mesmo!...”
Revelação dos Sofrimentos Secretos de
Nosso Senhor Jesus Cristo em Sua Paixão
(Marcos): (Vi Nossa Senhora abrir urna 'grande janela', como se fosse uma tela de cinema. Vi urna noite escura e o Senhor passava num lugar repleto de árvores. Atravessou-o, entrou numa casa grande. Subiu uma escada.
Jesus estava com urna túnica branca, um Manto azul. Seus olhos azuis brilhavam. Sua Barba era pequena e bem feita. Os Cabelos eram escuros como os de Nossa Senhora. Sua altura: 1,80 m aproximadamente. Os Doze Apóstolos O acompanhavam.
Começaram a arrumar a grande sala. Puseram uma grande toalha branca sobre urna mesa. Três dos Apóstolos colocaram jarros sobre a mesa. Trouxeram pães. Um Apóstolo, o mais jovem, colocou vinho numa taça.
No caminho, eles haviam disputado entre si quem deles seria o mais importante no REINO de Jesus. O Senhor Jesus pegou uma bacia, próximo da mesa, colocou água e começou a lavar os pés dos Discípulos. O primeiro foi Bartolomeu.
Ao chegar aos pés do Judas, que era o penúltimo, pareceu ficar um pouco mais 'triste'. Foi lavar os pés de Pedro, e ele recusou-se, Jesus lhe disse que se não lhe lavasse os pés, não teria parte com ELE. Ele então pediu que Jesus lhe lavasse não só os pés, mas a cabeça o as mãos também.
Jesus sabia quem o trairia, por isso, falou que nem todos estavam limpos. Jesus começou a falar:)
(Nosso Senhor Jesus Cristo) "- Quem quiser ser o maior, que seja o menor de todos. Quem quiser ser Senhor, seja menor, para MIM, é sempre o maior."
Todos ficaram envergonhados por seu orgulho. Jesus ficou mais triste daí por diante. Disse que ansiava por aquela Ceia, pois não A comeria mais aqui na terra.
Nossa Senhora continuou a me mostrar... Jesus tomou um pão grande. Olhou para o Céu e pronunciou as palavras eternamente Sagradas:
(Nosso Senhor Jesus Cristo) "- Tomai e comei, isto é o Meu Corpo...Tomai e bebei, isto é o Meu Sangue, Sangue da Nova e Eterna Aliança, que é derramado por vós..."
Em seguida, dirigiu as palavras do conforto contidas no Evangelho de São João. Falou que um dos Apóstolos O trairia. Todos espantados, começaram a se perguntar quem seria.
Como João estivesse mais próximo de Jesus, Pedro pediu-lhe que perguntasse quem seria, com um aceno da cabeça.
João perguntou, e Jesus respondeu-lhe que seria o que colocasse a mão no prato com ELE. Quando Jesus levou Sua Mão, Judas colocou a mão no prato de molho com Jesus e todos ficaram desconcertados.
Jesus lhe disse que fizesse logo o que havia de fazer. Saiu correndo... Estava com o próprio ódio do satanás. Foi falar com os chefes dos fariseus, que tratavam em como prender Jesus.
No Cenáculo, Jesus exortou os discípulos à extrema confiança. Guardaram as coisas da Ceia... Jesus rezava também no silêncio do Coração pela Igreja, que continuaria a renovar Seu Sacrifício, por todos os séculos até que volto outra vez. Os Apóstolos não entenderam por que Judas saiu.
Saíram todos da casa. Jesus começou a descer por um vale escuro, cheio de árvores. Entrou no Jardim das Oliveiras. Os Apóstolos ficaram no começo do Horto. Jesus entrou com os mais íntimos. Deixou-os e pediu-lhes que rezassem muito. Afastou-se Sozinho, dizendo:
(Nosso Senhor Jesus Cristo) "- Minha ALMA está triste até a morte..."
Sentia o demônio tentá-LO, a fim do que ELE SE acovardasse e abandonasse o Plano de DEUS. Jesus viu a humanidade, a inumerável multidão de almas que se condenaria, não obstante o Sacrifício de SUA Vida. Viu o Coração de SUA Santa MÃE transpassado de Dor...
Vi Nossa Senhora em Sua casa, sendo avisada por um Anjo de que Seu Filho estava em Agonia, e que começou a SUA Dolorosa Paixão. DEUS Lhe pediu que ficasse a noite toda em oração, colaborando em íntima união com Jesus. A Agonia que Ela sentia a partir daquele instante junto com ELE, era mortal. Jesus e Nossa Senhora eram torturados por Dores atrozes.
Vi Jesus procurar os Apóstolos. Dormiam... Jesus olhou tristemente, e lamentou o fato de não estarem rezando. Disse-lhes:
(Nosso Senhor Jesus Cristo) "- Não podeis rezar e vigiar COMIGO nem por uma hora? Sem oração, que 'força' tereis? Vigiai e orai, para que não caiais em tentação..."
Afastou-SE de novo, Prostrou-SE sobre urna pedra grande e gelada. Rezava e pedia ao Eterno PAI que se pudesse, afastasse aquele 'cálice'...Não se fizesse porem, a SUA Vontade... SUA Agonia era tão intensa, que não podia SE erguer do chão.
Pela Segunda vez buscou o conforto dos Discípulos, mas, encontrou-os num sono mais profundo ainda. Voltou ao mesmo lugar e continuou a rezar. SEU Suor começou a ficar vermelho, com gotas do Sangue manchando o SEU Rosto. SEUS Vestidos também ficaram manchados de Sangue. Passou bastante Tempo naquela Cruenta Agonia. O Suor desapareceu, secou-LHE, e já não via mais os traços de Sangue.
Buscou o conforto dos Discípulos. Despertou-os e eles acordaram. Foram para a porta do jardim. Judas chegou com um grande conjunto do homens armados para prender Nosso Senhor Jesus Cristo. Judas O beijou no Rosto.
Jesus lhes perguntou sem demora a quem vieram buscar. Dada a sua resposta, Jesus respondeu que era ELE. Caíram por Terra, pelo Poder que invadiu o lugar. Ficaram assim todos prostrados por algum tempo, menos os discípulos, que continuaram em pé.
Levantaram-se ainda atordoados e Jesus lhes perguntou do novo a quem vieram buscar Eles responderam de novo que buscavam a Jesus de Nazaré. ELE lhes disse que era ELE mesmo, e que portanto, deixassem ir livres os outros.
Pedro cortou a orelha de um deles, o Nosso Senhor curou-a, e ordenou a Pedro que guardasse a espada na bainha. Fê-lo com Autoridade, admoestando-lhe que todo o que pela espada vivesse, por ela morreria... Recordou-lhe SEU PODER e CONDIÇÃO, dizendo:
(Nosso Senhor Jesus Cristo) "- Crês tu que não posso invocar Meu PAI, e ELE não ME enviaria imediatamente mais de doze Legiões de Anjos?...
Mas, como se cumpririam as Escrituras, segundo as quais é preciso que isto seja assim? Acaso não beberia EU, do Cálice que Meu PAI ME dá a beber?..."
Amarraram com brutalidade as Mãos de Jesus. Os Apóstolos fugiram, com medo, escondendo-se por detrás dos arbustos dos jardins. João e Pedro O seguiam de longe. Um jovem chamado Marcos, envolto num lençol, foi pego enquanto seguia Jesus, mas conseguiu fugir.
Davam-LHE socos, bofetadas, a fim de que ELE andasse mais rápido. Diziam:
(Soldados e fariseus) "- Anda, Rei dos Judeus! Onde estão teus cavaleiros para TE conduzir agora?"
Jesus tropeçava muitas vezes, porque era puxado pelas cordas das Mãos, era então chutado, pisado, e jogavam-LHE pedras. Jesus ouvia tudo em silêncio. Insultado, não reclamava nunca.
Subiram grande quantidade de escadarias. Chegaram ao Palácio de Anás. Este o interrogava, mas Jesus ficava em profundo silêncio. Deu-se a cena da bofetada do servo de Anás e eis que começaram a espancá-LO, enfurecidos pelo silêncio de Jesus. Anás LHE disse:
(Sumo Sacerdote Anás) "- Finalmente, falso Rel dos Judeus, caíste em minhas mãos!"
Arrastaram-NO Palácio a dentro, até Caifás e os chefes dos judeus. lnterrogaram-NO. Os olhos de Caifás brilhavam de um ódio intenso. Trouxe várias testemunhas falsas. Jesus ficava em silêncio ouvindo tudo. Caifás o intimou a dizer se era o Filho de DEUS. Jesus lhe disse:
(Nosso Senhor Jesus Cristo) "- Tu o dizes! Um dia ME vereis sentado á direita do PAI, vindo sobre as nuvens do Céu."
(Caifás) "- Blasfemou"
...gritou Caifás, rasgando as próprias vestes, e pronunciando a sentença de morte. Todos gritaram que era réu de morte. Mandaram levá-lo a Pilatos, porém, como já era tarde, decidiram esperar o dia amanhecer Alguns gritavam:
(Multidão dos fariseus) "- Vais morrer, falso Rei e Filho de DEUS!" Caifás ordenou:
(Caifás) "- Levem-NO ao calabouço!" Caifás jogou-LHE um pano branco, o os soldados davam-LHE socos, dizendo:
(Soldados o fariseus) "- Adivinha, Cristo, quem foi que TE bateu? " Os fariseus retorciam-se de tanto rir Escarraram-LHE no Rosto tantas vezos, que o horror era insuportável... Nossa Senhora então disse:)
(Nossa Senhora) "- Levaram-NO ao subterrâneo... No calabouço, as torturas aconteciam uma após a outra...
Arrastaram Meu Filho por urna escadaria abaixo, com as pernas amarradas... Jogaram-NO numa caverna subterrânea, cheia de imundícies... Pegaram aqueles excrementos, e LHE puseram á força na Boca...
Continuavam a LHE dar pancadas... Amarraram-NO em uma coluna, superaqueceram urna chapa metálica, e colocaram-na debaixo de SEUS Pés... Ó, que Dor sem igual se apoderou do Meu Filho!... Quando LHE tiraram a chapa metálica, ficou esta cheia de pedaços de Carne e Pele dos SEUS DIVINOS Pés... (aqui Ela interrompe e chora...)
Meus filhos, depois deste horrível tormento, como podem continuar a pecar, a renovar tamanho Sofrimento de Meu Filho?...
Pegaram-NO pelos Cabelos, e em seguida, arrastaram-NO calabouço a dentro... iam chicoteando-O pelo chão, agora, já impregnado de pedaços de Carne e Sangue... Pauladas, chutes e socos, eram-LHE desferidos sem cessar...
Colocaram as Mãos de Jesus na chapa quente, tirando-LHE a pele das Mãos... Amarraram-NO de Cabeça para baixo num poste, marcavam-NO com pontas de ferro aquecidas...
Sentaram-NO numa cadeira de pregos pontiagudos, que perfuraram o SEU Corpo DIVINO... Perfuravam-NO pouco a pouco, com pontas de lança...
O Meu Filho ficou irreconhecível... A aparência humana havia desaparecido...
Jogaram-NO em urna cela por urna metade de hora... Estas celas eram muito escuras, e Jesus ficou mergulhado em agonia, até que O levaram á Pilatos. Mal ELE podia enxergar o caminho, tantos eram os pontapés que LHE davam...
Pilatos não estava nada contente em ser incomodado pelos judeus. Pilatos olhou para o Meu Filho, cheio de escarros, cuspes, Sangue, manchas roxas em toda parte do SEU Corpo Santíssimo...
Os judeus começaram a acusá-LO injustamente... Pilatos não queria se envolver... mandou que eles próprios O julgassem, contudo, queriam que O condenasse á morte...
Pilatos O enviou a Herodes, quando soube que Jesus era Galileu. Empurravam-NO com urna brutalidade extrema... Pilatos sabia que Meu Filho era inocente, por isso, em sua consciência, não queria sequer tocar em Jesus...
Herodes, por sua vez, LHE perguntou muitas coisas, mas... Jesus não o respondeu, porque ele era um homem desonesto...
Herodes jogou-LHE uma cortina branca, cuspiu-LHE, e mandou-O a Pilatos outra vez. O povo gritava que fosse a todo custo condenado. Pilatos insistia:
(Pôncio Pilatos) "- Mas vou crucificar o vosso Rei?" Eles gritavam que não tinham outro Rei senão César... Pilatos mandou trazer Barrabás, um ladrão perigoso, e o colocou ao lado de Meu Filho.
Pilatos disse ao povo que escolhessem qual dos dois queriam que ele soltasse. Escolheram Barrabás... Pilatos ordenou que flagelassem o Meu Filho...
Amarraram-NO em uma grande coluna com as Mãos para cima. Rasgaram-LHE as vestes, e chicotearam-NO sem piedade... A cada chicotada, Jesus estremecia, e era assolado por uma Dor sem igual... Pedaços de Carne e Sangue voavam por cima dos carrascos...
Desprenderam-NO da coluna, e caiu na 'poça' de Sangue que se formou aos SEUS Pés, como se fosse um 'verme aniquilado'.... Contemplem, Meus filhos, cada ferida, cada Chaga... Adorem este Sangue, que foi o 'preço' da salvação de vocês!...
Meus filhos, Jesus sofreu tudo isto por causa dos pecados de impureza, de pornografia... (pausa)
Sejam puros!... Sejam como os lírios cândidos e sem mancha! Imitem a pureza de Jesus... Olhem como sofria tanto em Sua Carne Imaculada!...
Jogaram-NO sentado em uma laje cheia de pregos pontiagudos, que se cravaram nas Pernas e no Corpo do Senhor... Que Dor inigualável!...
Um soldado trançou uma 'coroa de espinhos', e, com toda a forca, colocou-a na Cabeça de Jesus... SUAS Pernas estavam perfuradas pelos pregos...
Atravessavam-LHE a Língua com pregos e espinhos da 'coroa'... Também O açoitavam com ramos de espinhos... (pausa)
Convertam-se! Arrependam-se de seus pecados!..."
(Observação - Marcos): (O quanto esta Aparição durou, eu não saberia dizer, talvez cerca 30 minutos e ocorreu ás 19:00 hs. Quando me acontecem estas coisas, a noção do tempo o espaço não são mais as mesmas, não sei dizer ao certo, apenas que enquanto Nossa Senhora falava, desenrolavam-se as cenas diante do mim naquela 'grande tela' que Nossa Senhora abriu)
Dia 02/04/94 Sábado Santo
Continuação da Revelação das Dores Secretas de
Nosso Senhor Jesus Cristo
(Marcos): (Nossa Senhora apareceu, a 'grande janela' abriu-se novamente, as cenas voltaram, e enquanto tudo se desenrolava, Ela me dizia:)
(Nossa Senhora) "- Depois de Jesus ter sido 'coroado', escarravam-LHE no Rosto, davam-LHE socos e pontapés... Seus risos e gargalhadas diabólicas, O matavam antes da hora... Diziam:
(Soldados e fariseus) "- Salve, Rei dos Judeus! Onde estão os TEUS súditos? Será que os TEUS súditos são mesmo tão fiéis a TI? Ó, o Rei dos Judeus vai morrer? Sim, vai!!!"
(Nossa Senhora) "- Riam, davam-LHE pauladas e mais pauladas na Cabeça... Jogaram-LHE um manto púrpura nas Costas, á moda de Rei... Jesus já estava atordoado de tantos golpes, e de tanta Dor... O Sangue que escorria da coroa de espinhos' LHE colava os Olhos, e O impedia de ver o que quer que fosse. Pilatos mandou trazê-LO para fora. Gritou:
(Pôncio Pilatos) "- Eis o Homem!" Todos gritavam:
(Multidão dos fariseus) "- Crucifica-O!!! " Crucifica-O!!! " ...foi nesse momento que cheguei trazida por João, Maria Madalena e outras mulheres, embora tivesse visto tudo o que LHE aconteceu durante a noite e a manhã, através das visões que o Altíssimo Me concedeu...
Vi Meu Filho ser condenado... Que Dor para ELE, ao ver aquela multidão alucinada pedir Sua Morte!... O Meu Coração Imaculado 'estremeceu' de urna Dor tão grande, que ninguém jamais poderá sentir, conhecer, ou perscrutar...
Pilatos lavou as mãos, dizendo ser inocente do Sangue de Jesus. Trouxeram-LHE a Cruz... Puseram-NA nos Ombros, e gritaram que A levasse...
Mal ELE podia enxergar o caminho... Não se tratava de uma trave, como muitos pensam, mas de uma Cruz inteira. Jesus era para eles como o "criminoso" mais procurado em toda a região, por isso, visto que conseguiram prendê-LO, LHE colocaram todo ódio possível. Puseram-LHE uma Cruz inteira a levar...
O povo todo ia gritando pelo caminho... Atiravam-LHE pedras nas Pernas...
A poeira se colava ao Sangue que escorria da 'coroa de espinhos', e LHE impedia completamente a visão do caminho. Caiu por 3 vezes... A cada vez que caía, davam-LHE pauladas e pedradas nas Pernas. Estas pauladas afundavam mais ainda os pregos, dentro das Pernas de Jesus... ELE não tinha mais o governo delas, e por isso não podia mais caminhar...
Apareceu um homem chamado Cireneu, e os soldados, com medo que Jesus morresse pelo caminho, o obrigaram a carregar a Cruz atrás de Jesus... Corri ao encontro de Meu Filho, e esperei-O num ponto do caminho com João, Maria Madalena e minha irmã (parente), Maria de Cléofas...
Aproximou-se o cortejo sangrento: nenhuma palavra. Falaram os Olhos... Falou o Coração... Ele olhou-Me no fundo dos Olhos, e no Coração falou:
"- Minha Mãe!..." e Eu, num ímpeto de Dor e de AMOR, disse-LHE:
"- Meu Filho..."
Os soldados O empurraram para andar mais depressa. O povo O empurrava de um lado para o outro com a Cruz... Isto Me causava Angústia Mortal, sem que soubesse o que fazer...
Oferecia ao Pai Celestial NOSSOS Dois Corações Unidos, Feridos e Esmagados, pela Dor!... Jamais haverá outro OFERTÓRIO na face da Terra, capaz de operar (suprir, reparar; satisfazer á Justiça DIVINA) a sua REDENÇÃO (a REDENCÃO do gênero humano) com DEUS...*
*(O sentido do que Nossa Senhora disso aqui Nenhum outro Sacrifício poderá jamais Igualar-se ao Dela e de Jesus)
Urna mulher, Verônica, passa por entre os soldados com coragem heróica, e enxuga o Rosto de Jesus... Jesus deixa-Ihe a Face impressa na toalha... Mostrou a todos a toalha com o Rosto impresso, a fim de que acreditassem mas...com um empurrão dos soldados, cai no chão... e o 'cortejo sangrento' continua avançando...
Maria Madalena ajudou Verônica a se levantar. Eu Lhe dizia:
"- DEUS A abençoe, Minha Filha, por Seu testemunho no meio dos lobos vorazes! DEUS Lhe dê a Vida Eterna!..."
Muitas mulheres vinham chorando o sofrimento DELE... Vi Meu Filho cair segunda vez debaixo da Cruz... As mulheres aproximaram-se pressurosas para ajudá-LO, mas os soldados as impediram... Jesus voltou-SE para elas e disse:
(Nosso Senhor Jesus Cristo) "- Filhas de Jerusalém... Não choreis por MIM... Chorai antes por vós mesmas, e por vossos filhos... porque, se assim se trata o Justo e Santo... o que não deverá esperar os pecadores?
Se EU, que SOU Puríssimo, sou tratado assim, que fim terrível não será o dos pecadores?..."
Caiu urna terceira vez....Minhas Lágrimas rolavam sem parar... tornaram-se Lágrimas Sangrentas, que Eu ocultava com o Meu Manto...
Chegados ao cimo do Calvário, crucificaram os dois ladrões. Arrancaram com brutalidade a túnica de Jesus...
Alguma vez já tiveram um curativo tirado bruscamente de suas feridas depois de haver ficado intimamente colado a elas? Então podem imaginar o que foi para o Meu Filho Jesus, o arrancarem-LHE as roupas, coladas aos SEUS esfolados e ás Chagas... Os soldados diziam entre si:
(Soldados) "- Vamos deixá-LO nú, para que todos O vejam"
Quando ouvi isso, corri e dei-LHE o Meu Candido Véu, para que se cobrisse a SUA nudez... Afastaram-Me... contudo, vendo a Minha Aflição, estranhamente, compreenderam Meu gesto e desolação e não LHE tiraram totalmente as vestes, deixando as que ELE trazia por debaixo da túnica...
Começaram a crucificação... Empurraram Jesus e O estenderam na Cruz... Com grande brutalidade, esticararn-LHE as Mãos e os Pés, e com fortes marretadas cravaram-LHE as Mãos e os Pés...
O Sangue corria incessantemente... Ao mesmo tempo, o Meu Doloroso e Imaculado Coração sentia as mesmas marretadas a parti-LO, esmagá-LO, e feri-LO... Cravado já na Cruz, davam-LHE socos, pauladas e chutes no Corpo...
Começaram a levantar a Cruz com cordas amarradas a ela. Suspenderam a Cruz e a jogaram num buraco preparado... Ouvi o forte embate da Cruz no terreno, que O fez 'estremecer' violentamente de Dor...
Do alto da Cruz, ELE olhava toda a multidão que se juntou no Calvário. Ninguém viera para consolar, só para julgar, para condenar... Os soldados e os fariseus, diziam entre si e depois gritavam, tentando Jesus:
(Soldados e fariseus) "- TU que salvaste aos outros, salva-TE a Ti mesmo e nós acreditaremos... Desce da Cruz!" Todos riam... Jesus murmurou, do alto da Cruz:
(Nosso Senhor Jesus Cristo) "- PAI, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem!..."
Fomos admitidos ao pé da Cruz, como a família do agonizante...Um dos ladrões também insultava Jesus, dizendo:
(O mau ladrão) "- TU não és o Cristo? Salva-TE a TI mesmo, e a nós também!" Mas o outro, Dimas, viu a paciência de Jesus em suportar tantos insultos, em rezar pelos seus próprios inimigos... Viu a sua própria vida levada sem DEUS, e pensou:
"- Este homem que até perdoa os inimigos, que suporta tudo isso, é o Filho de DEUS!"
Dimas olhou-Me aos pés da Cruz e murmurou, pedindo-Me que lhe obtivesse o perdão de Meu Filho... Olhei para o Meu Filho, e pedi-LHE que o perdoasse. Em seguida, Dimas respondeu ao outro ladrão:
(O bom Ladrão - São Dimas) "- Tu, estando á beira da morte não temes a DEUS? Nós estamos sofrendo porque merecemos, mas Jesus nada fez de mal.." e voltando-se para o Meu Filho, disse:
(O bom Ladrão - São Dimas) "- Senhor, lembra-TE de mim, quando estiveres no TEU REINO!" Jesus lhe respondeu:
(Nosso Senhor Jesus Cristo) "- Em verdade, em verdade EU te digo: hoje mesmo estarás COMIGO no Paraíso!..." Urna imensa escuridão envolveu a Terra, até a Hora da Morte de Jesus... De vez em quando, ouviam-se trovões e faiscavam relâmpagos...
Jesus viu-Me ao pé da Cruz... Olhou para Mim e disse:
(Nosso Senhor Jesus Cristo) "- Mulher, eis aí teu filho!..." E em seguida, disse a João:
(Nosso Senhor Jesus Cristo) "- Eis aí a Tua MÃE..."
...daquele momento em diante, Eu tornei-Me Mãe de todos os homens... O Sangue que escorria do SEU Sagrado Corpo, juntava-se ás Minhas Lágrimas de Sangue, que pingavam no chão poeirento do Calvário...
Naquele instante. a Minha Dor atingiu um vértice tão alto. que jamais nenhuma mente. nem humana. nem Angélica. poderá perscrutar...
Naquele instante também, foram-Me mostradas pelo Altíssimo, as cruzes de todas as almas futuras, e o quanto a Minha Presença Materna junto delas as ajudaria a também se oferecerem, em união com o Meu Jesus...
Doravante, deverei Eu estar junto de todos os doentes e agonizantes, para ajudá-los a sofrer e a morrer, como um grão de trigo caído na terra, para que muitas almas ressuscitem e se salvem...
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