História e vida da Beata Nhá Chica
A Beata Francisca de Paula de Jesus, mais conhecida como Beata Nhá Chica, nasceu em Santo Antônio do Rio das Mortes, MG, Brasil, em 1808. “Nhá” é uma palavra usada naquela época e significa “senhora ou dona.” Em muitos estados, a chamaríamos de “dona Chica” porque ela não se tornou freira, nem se casou. Nhá Chica foi leiga e solteira por toda a vida. Suas belas histórias e acontecimentos são contados pelos netos e bisnetos daqueles que a conheceram pessoalmente. Desde pequena, a mãe sempre a ensinou a respeitar e amar o próximo e rezar com muita devoção diante da imagem de Nossa Senhora da Conceição. Pouco depois, mudou-se com sua mãe e o irmão para Baependi, MG. Em 1818, com apenas 10 anos de idade, sua mãe faleceu dizendo que deixava os filhos órfãos aos cuidados de Nossa Senhora. Seu irmão a chamou para morar com ele mais tarde ou que se casasse, mas Nhá Chica disse: “Não tenha medo. Tenho Nossa Senhora comigo. Ela me protegerá. Não quero me casar. Morarei sozinha. Vou trabalhar, rezar e me ocupar com o povo que passa necessidade e os pobres. Tenho uma missão para cumprir.” Nhá Chica morou apenas com o empregado Felix, que tratava sempre bem, como alguém da família. Como não se tornou freira, usava sempre vestidos largos e simples e um lenço na cabeça. Nunca quis vestidos caros nem ficou rica apesar das oportunidades. Foi pobre por toda a sua vida. Nhá Chica nada fazia sem primeiro consultar Nossa Senhora em suas orações. É um dos maiores exemplos de união e devoção a Virgem Maria. Carregava sempre o Rosário nas mãos ou enrolado no braço. Rezava o Rosário completo todos os dias e sua oração preferida era a Salva Rainha, que rezava com profundo amor e devoção. Ia em todas as Missas que podia e ficava com respeito e silêncio dentro das igrejas. Tinha sempre intimidade com chamava Nossa Senhora e a chamava humildemente de“Minha Sinhá.” Às vezes, sonhava com a Mãe do Céu ou apenas a ouvia e dizia: “Sou sua humilde filha e sua serva. O que Nossa Senhora me pede, sempre faço. Não faço nada de minha iniciativa.” Nhá Chica tinha alguns terrenos de onde tirava o próprio sustento e plantava verduras, frutas e legumes, dos quais sempre dava aos pobres que lhe pediam. Ganhava esmolas dos ricos e repassava tudo aos necessitados. Não guardava nada para si. Ela mesma cuidava do quintal, do galinheiro e da horta, lavava roupas, limpava e cozinhava. Sempre fazia biscoitos, docinhos, bolos e café para dar com muito prazer aos que a visitavam e às crianças. Era morena, cabelos lisos e muito bonita. Muitos rapazes ricos pediram sua mão em casamento, mas ela respondia: “Agradeço sua intenção, mas posso ser apenas sua amiga. Rezarei sempre por você.” Era analfabeta e nunca quis aprender a ler nem escrever, mas sempre pedia alguém para ler a Bíblia para ela, que ouvia com muita humildade e devoção, procurando sempre praticar. Nhá Chica nunca falava mal dos outros nem espalhava fofocas, mas olhava para todos com amor. Aconselhava:“Sejam bons. Façam o que Jesus pede no Evangelho.” As pessoas começaram a procurar essa jovem alegre, pura, bondosa e simples para pedir conselhos e orações. Todos eram muito bem recebidos. Ao baterem na porta, ela sempre dizia: “Entre, está aberta.” A todos que a visitavam e perguntavam algo, Nhá pedia que rezassem na sala enquanto ela ia para o seu quarto rezar diante da imagem de Nossa Senhora da Conceição para perguntar a ela. Instantes depois, Nhá Chica saía com algum conselho ou palavra amiga. Despedia dizendo:“Vá com Deus e que Nossa Senhora lhe acompanhe.” Ela dizia:“Sou apenas um instrumento. Repito o que Nossa Senhora fala e nada mais. Rezo a Nossa Senhora e ela me escuta e responde. Eu rezo com fé. Nossa Senhora sempre me ouviu.” Atendia a todos os que a procuravam do mesmo jeito, fossem ricos ou pobres, devotos ou incrédulos. Tudo o que Nhá Chica dizia realmente acontecia, fatos atestados por todos os que a conheceram. A uns disse: “Tudo dará certo.” E a outros: “Isso não se realizará. Aceitem a vontade de Deus. Ele quer o nosso bem. Ele não deixa de nos ajudar.” A outros disse: “Perdoem. Não fiquem com raiva. Façam as pazes. O perdão é a melhor vingança. Que cristãos vocês são se não perdoam? Com raiva, ódio e sem perdão, sua oração não valerá nada.” Algumas pessoas chegavam tristes e desesperadas, mas Nhá Chica nunca perdia a serenidade e dizia: “Tenham fé e calma.”Bondosamente se interessava pelas dores dos outros dizendo: “O que te aflige? Em que posso te ajudar? Fique tranqüilo.” Sua fama se espalhou cada vez mais por toda a vida. Era considerada uma santa por muitos de sua cidade, de cidades vizinhas e de longe. Tinha grande devoção à Paixão e Morte de Jesus na Cruz. Em todas as sextas feiras, não atendia a ninguém e se dedicava mais à oração e à penitência. Rezava do meio dia às 3 horas da tarde, hora da Agonia de Jesus na Cruz. Dizia: “Quero ser toda do Senhor.” Ela construiu uma capela ao lado de sua casa e rezava diante da imagem de Nossa Senhora da Conceição por todos aqueles que a ela se recomendavam. Na capela, cuidada com carinho, o povo rezava e cantava com grande devoção, sentindo fortemente a presença de Deus. Dizia: “Minha Sinhá ficará contente. Ela abençoa todos vocês.” Em qualquer problema, pequeno ou grande, dizia: “Esperem. Vou falar com Nossa Senhora. Rezem vocês também.” Depois das orações, trazia respostas que eram a solução, todas confirmadas por muitos sinais e milagres. Após passar a vida toda recebendo as pessoas, ajudando os necessitados e rezando por eles, Nhá Chica adoeceu com problemas gástricos e inflamações em 1895. Ela dizia alguns dias antes:“Terminei minha corrida. Quando o Senhor quiser, Ele pode me chamar. Estou pronta. Estou nas mãos de Nossa Senhora.” Nhá Chica morreu na sexta-feira dia 14 de junho de 1895, com 87 anos de idade, após rezar do meio dia às 3 horas da tarde em honra da Paixão de Jesus, com um belo semblante e sorriso nos lábios, cheia de paz, pelas 5 horas da tarde. Nhá Chica foi sepultada somente no dia 18, no interior da capela construída por ela e todas as pessoas presentes sentiram um forte perfume de rosas saindo de seu corpo durante os 4 dias de seu velório. Este agradável perfume de rosas foi novamente sentido no dia 18 de junho de 1998, por todos os presentes na exumação do seu corpo, quando seu caixão foi removido. A igrejinha construída por ela foi aumentada e é hoje o Santuário Nossa Senhora da Conceição em Baependi, MG, onde estão seus restos mortais. Muitos fiéis visitam o lugar e no "Registro de graças do Santuário" podem-se ler aproximadamente 20.000 graças alcançadas por intercessão da Beata Nhá Chica. Os fiéis aguardam a futura Canonização. Muitos acontecimentos referentes a ela não foram escritos, apenas contados pelas pessoas. Mas a belíssima vida da Beata Nhá Chica produz frutos até hoje em todos os que a conhecem e veneram.
Oração à Beata Nhá Chica com aprovação eclesiástica: “Deus Nosso Pai, vós revelais as riquezas do vosso Reino aos pobres e simples. Assim, agraciastes a Bem-aventurada Francisca de Paula de Jesus, Nhá Chica, com inúmeros dons: fé profunda, amor ao próximo e grande sabedoria. Amou a Igreja e manteve terna devoção à Imaculada Conceição. Por sua intercessão, concedei-nos a graça que precisamos (pedir a graça). Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho na unidade do Espírito Santo. Amém.”
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